Segunda-feira, 07 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 28 de janeiro de 2022
A taxa de desemprego recuou para 11,6% no trimestre encerrado em novembro, mostra o IBGE em divulgação feita nessa sexta-feira (28). Isso significa que há 1,5 milhão de desempregados a menos no país, na comparação com o trimestre anterior. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílios (Pnad).
Ainda há 12,4 milhões em busca de uma vaga. Analistas esperam, contudo, uma inversão na trajetória de queda para 2022, que pode fechar em até 12,7%.
O movimento decorre do aumento de pessoas integrando a força de trabalho, impulsionados pela retomada das atividades. Por outro lado, as projeções de PIB perto de zero, que indicam menor crescimento econômico, podem levar empresas a diminuir a abertura de postos de trabalho.
O rendimento real voltou a cair e ficou no menor patamar da série histórica, iniciada em 2012, com recuo para R$ 2.444 mensais, segundo o instituto. A cifra representa queda de 4,5% frente ao trimestre anterior e 11,4% em relação ao mesmo trimestre de 2020, quando o país ainda sentia mais fortemente os efeitos do isolamento social.
A trajetória deve continuar em 2022, segundo a LCA Consultores, que prevê contração de 2,4% na renda dos trabalhadores no ano. Para o acumulado de 2021, a redução é mais aguda, de 6,4%.
“Já vemos que aponta para um processo de consolidação da recuperação em comparação com 2019, mas ainda estamos abaixo de estimativas de carteira de trabalho, algumas atividades ainda não atingiram o período pré-pandemia”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Nos últimos meses, o número de desempregados vem caindo devido ao avanço da vacinação e à retomada das atividades, garantindo a alocação de trabalhadores no mercado. No entanto, a recuperação é puxada pela abertura de postos com menor remuneração.
Rendimento médio
A inflação, que fechou o ano de 2021 acima de 10%, também corrói o poder de compra do brasileiro, reduzindo seus salários na prática. Analistas a apontam como uma das principais pressões na renda dos trabalhadores, que não promete dar trégua em 2022. O mercado já tem projeções de IPCA chegando a 6%, estourando o teto da meta do Banco Central.
“Quando tem perspectiva de fraqueza na economia, vai ter menor utilização dos fatores de produção, e leva por sua vez a salários mais baixos. E o fator inflação está corroendo muito a renda real, junto com o elemento de incerteza (da economia)”, explica o estrategista-chefe da Modalmais, Felipe Sichel.
A compressão da renda dos brasileiros é um movimento observado desde o começo da pandemia, e mais agravado em 2021. Nos três meses encerrados em agosto, que servem de base de comparação para os novos dados e, a taxa de desemprego estava em 13,1% e a renda, em R$ 2.559. Em comparação com o mesmo período de 2020, o rendimento real teve queda de 11,4%.
No trimestre encerrado em novembro de 2020, os trabalhadores ganhavam, em média, R$ 2.757 e o índice de desemprego estava em 14,1%.
A parcela considerável de brasileiros na informalidade também puxa para baixo a média salarial. De acordo com a Pnad divulgada nessa sexta, representam 38,6 milhões de brasileiros, número próximo da máxima, de 38,8 milhões, registrado no mesmo trimestre, em 2019.
Mais vagas
A recuperação do mercado de trabalho ocorre pela abertura de vagas tanto no setor formal quanto no informal. Das 3,2 milhões de pessoas que foram admitidas nos três meses até novembro, 43% foram para ocupações sem carteira assinada.
“A informalidade ainda tem um papel significativo na recuperação, mas já chegou a quase 80% em outros momentos. Mostra que, após o impacto inicial da pandemia em 2020, a ocupação informal era o que estava puxando a recuperação, mas agora vemos uma participação maior de carteiras assinadas”, afirma Adriana.
Para a pesquisadora, a expansão de vagas formais pode reduzir o peso da informalidade. A abertura de empregos com carteira assinada subiu 4% no último trimestre, frente a 3,6% no trimestre encerrado em agosto. É o maior crescimento percentual da série histórica e indica tendência positiva para postos formais
Apesar das vagas formais terem sido as principais puxadoras da ocupação no último trimestre, será um processo lento, e as taxas de informalidade vão permanecer em patamar alto, puxadas também pelo nível recorde de trabalhadores por conta própria, de 25,8 milhões.
Comércio e indústria
“Embora a informalidade continue se destacando na expansão da ocupação, a participação do trabalho formal no setor privado vem aumentando e contribuindo também para a recuperação da ocupação no País”, afirma Adriana.
O nível de ocupação, ou seja, o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 55,1%, um aumento de 1,7 ponto percentual frente ao trimestre anterior.
Segundo a pesquisadora, comercio, indústria, construção e o setor de alojamento e alimentação puxaram a abertura de postos de trabalho.
No Ar: Pampa News