Quarta-feira, 01 de Maio de 2024

Home Economia Diretor do Banco Central admite que aumentaram as incertezas nas perspectivas para a inflação

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O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, admitiu que aumentaram as incertezas nas perspectivas para a inflação, mas disse que essas condições ainda não se materializaram a ponto de alterar a trajetória no ajuste da Selic. Para o dirigente do BC, ficou mais difícil visualizar como ficará a taxa básica brasileira no final do ciclo de distensão monetária.

Galípolo afirmou, durante um evento, que o mercado de trabalho está relativamente apertado e a inflação de serviços, rodando um pouco mais alta do que o desejável. Segundo ele, “o mercado mais apertado de trabalho e atividade mais forte, porém, podem significar um processo de desinflação mais lento”.

Ele afirmou, no entanto, que apesar das incertezas o processo de desinflação continua a ocorrer.

“A gente reconhece que o mercado de trabalho mais aquecido e atividade econômica maior ainda não estabelecem um vínculo claro a um processo de aquecimento de economia, que represente uma reversão da trajetória”, disse.

O dirigente do BC afirmou que a discussão sobre a retirada do “guidance” do comunicado “aconteceu de maneira muito produtiva, franca e honesta”.

“Penso mais como uma confissão de humildade em relação ao que está menos óbvio enxergar com clareza de onde podem vir as fontes para colaborar com um processo de desinflação mais acentuado”.

Segundo o diretor do BC, “isso reforça a ideia de ser mais dependente de dados” e que, em um ambiente com mais incertezas, é importante ganhar espaço para decisão. “Estamos tateando o problema num ambiente em que os instrumentos normais que usamos para projetar a política monetária não estão se comportando de maneira usual”.

Esse cenário não é uma exclusividade do Brasil, reforçou o diretor do BC. “O problema não é só no Brasil, mas acontece em outros lugares, como nos EUA.”

Ata do Copom

Para Galípolo, o BC reconheceu, na ata da última reunião do Copom, que, nos últimos meses, a correlação que poderia ser esperada do cenário de mercado de trabalho mais apertado e atividade mais forte nem sempre está se revelando de maneira mais óbvia.

O diretor fez referência ao fato de que o processo de desinflação tem ocorrido mesmo em um cenário no qual pressões de aumento de preços poderiam se intensificar.

O dirigente citou ainda, como um elemento de como está mais difícil enxergar as funções das variáveis no cenário atual, que, “num passado recente, a gente assistiu ao longo do segundo semestre uma abertura bastante intensa dos yields dos Treasuries, de cerca de 120 pontos-base, e, mesmo assim, a gente não viu o câmbio e nossa curva de juros se comportando mal”.

Ele afirmou não ter visto divergência na última reunião do Copom, como muitos analistas interpretaram a partir da ata.

Na questão da ancoragem das expectativas sobre a inflação futura, Galípolo afirmou que “das variáveis que o BC tem na mão, hoje, para eventualmente colaborar com a reancoragem das expectativas, é a própria inflação corrente”. Para ele, “se a inflação corrente se comportar bem, o mercado vai ajustando e melhorando as expectativas”.

Durante o evento na Necton, Galípolo enfatizou que qualquer tipo de sinalização por parte do BC poderia trazer mais ruídos.

“De onde consigo enxergar, não me aventuraria a fazer isso [uma sinalização]. Corro o risco de trazer mais volatilidade”, ponderou. “É preciso esperar para ver como as coisas vão se desdobrar.” Conforme o diretor, “nesse ambiente, não queremos criar uma mecanicidade”.

Para ele, a interpretação de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estaria defendo uma antecipação do processo de sucessão na autoridade parece estar equivocada. “O Roberto Campos Neto estava mais alertando que existe uma questão técnica e operacional que demanda que a sabatina ocorra ainda neste ano”. Galípolo afirmou que “se está falando [em indicação do novo presidente do BC] no quarto trimestre, me parece um timing adequado e não uma antecipação”.

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