Quarta-feira, 05 de Novembro de 2025

Home em foco Disputa pela reeleição à presidência da República admitida por Lula é para não haver briga interna entre três ministros que sonham comandar o País

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Depois de voltar ao poder em uma disputa presidencial marcada pelo “duelo de rejeições”, o PT completou 43 anos já defendendo abertamente uma candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. Durante a campanha eleitoral, Lula disse que pretendia exercer apenas um mandato, numa estratégia para atrair novas alianças no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL). Porém, com um mês de governo, o discurso mudou.

A narrativa do “Lula 4”, segundo petistas próximos ao Palácio do Planalto, passou a ser difundida com dois objetivos: debelar uma disputa fratricida precoce na legenda e frear a projeção de três aliados da “frente ampla” como presidenciáveis. São eles o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), e do Planejamento, Simone Tebet (MDB).

Ao admitir a hipótese da reeleição e logo em seguida escalar com mais intensidade os ataques à política de juros do Banco Central, Lula escancarou ao mesmo tempo a dependência total do PT em relação ao seu nome e da polarização – atualmente focada no anti-bolsonarismo – como sua principal sustentação política.

“(A candidatura) Lula 4 é uma questão pacificada e natural no partido”, disse o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas e interlocutor próximo do presidente. “Seria hipocrisia dizer o contrário.”

Integrante da executiva nacional do PT e ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (SP) segue na mesma linha. Para ele, “Lula é quem unifica todo o partido”.

Carvalho admitiu, no entanto, que o PT “envelheceu e precisa projetar lideranças jovens”. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), a legenda também necessita “se reconectar com as ruas e os movimentos sociais”.

Classe média

Analistas apontam um desafio do partido do atual presidente: fidelizar o setor da classe média que votou em Lula em 2022. A conquista do quinto mandato petista no Palácio do Planalto só foi possível porque a campanha de Lula atraiu eleitores que rejeitavam Bolsonaro. Ciente de que precisa desse eleitorado, o PT adotou como bandeiras o “combate ao fascismo” e a “defesa da democracia”, mas a insistência na manutenção da estratégia do “nós contra eles” projeta-se como um obstáculo para manter esses votos.

Outro ponto é que a sigla ajustou o discurso à esquerda. Reforçou a agenda identitária e busca se reaproximar de suas bases históricas nos movimentos sociais. Mesmo assim, há vários integrantes da legenda que se preocupam com os destinos do partido.

Para o historiador Lincoln Secco, professor da USP e autor de História do PT – 1978-2010 (2011), a volta da legenda ao poder central do País após diversos escândalos de corrupção tem conexão com a própria história do País. Desde o fim do Estado Novo, afirmou, se configurou o que chama de “campo popular”, em torno de reivindicações sociais.

“Durante a ditadura, isso (o campo popular) foi abalado”, disse. “Mas, com a redemocratização, se reconfigurou em torno do PT. Então, esse campo não desaparece de uma hora para outra. É um campo popular que continua firme, porque há interesses materiais.”

Desafios

O PT, lembrou Secco, nasceu como um partido do proletariado industrial, mas hoje governa um país que foi em grande medida desindustrializado. Há desafios como os evangélicos e os trabalhadores de aplicativos. Para Secco, no “quinto mandato presidencial do PT, a situação é completamente diferente em vários aspectos”.

“(2022) Foi a eleição mais apertada da história do Brasil. O PT fez uma frente ampla e trouxe de volta parte da classe média. O problema para o PT são as próximas eleições: como vai governar. A classe média no Brasil é muito forte. O que o PT tem a oferecer para a classe média?”, questionou Secco, que acompanha a trajetória do partido.

 

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