Segunda-feira, 12 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 12 de maio de 2025
As desigualdades econômicas e sociais do Brasil se refletem na saúde da população. Baixa renda e escolaridade, falta de informação, má qualidade da alimentação e de condições de saneamento levam os mais pobres a enfrentarem não só as doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes e câncer – que não escolhem classe social e são a maior causa de morte no país -, como as parasitárias e infecciosas e, especialmente, as chamadas doenças negligenciadas.
Segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças negligenciadas são aquelas que recebem pouco investimento em pesquisas e tratamentos e acometem principalmente a população mais vulnerável, que vive em condições precárias. Estão nesse grupo esquistossomose, doença de chagas, leishmaniose, hanseníase, dengue e chikungunya, entre outras.
A professora de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lígia Bahia, chama atenção para os dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, do IBGE, que evidenciam que as pessoas de menor renda têm menos acesso à saúde. Entre os adultos que consultaram um médico nos 12 meses anteriores ao levantamento, 67,6% não têm renda ou possuem uma renda domiciliar per capita de até 25% do salário mínimo. Em contraste, entre aqueles que recebem mais de cinco salários mínimos, 89,6% consultaram um médico no mesmo período.
“Os dados mostram que os segmentos mais pobres são os que menos consultaram médico, evidenciando que existe acesso diferenciado à saúde de acordo com a renda”, aponta Bahia. Ela lembra que os mais pobres, justamente pelo menor acesso, exibem piores condições de saúde. E ressalta outros dados da pesquisa: entre os que ganham mais de cinco salários mínimos, 86,4% consideram sua saúde boa ou muito boa. Esse percentual cai para 55,5% entre aqueles que não têm renda ou recebem até 25% do salário mínimo.
Segundo o Ministério da Saúde, as doenças crônicas não transmissíveis responderam, em 2023, por 54% dos óbitos registrados no Brasil, com destaque para enfermidades do aparelho circulatório (26%), neoplasias (17%), problemas respiratórios (6%) e diabetes (5%). Para lidar com esse cenário, o ministério coordena o plano de ações estratégicas que visa reduzir, até 2030, em um terço a mortalidade prematura por conta dessas enfermidades, com foco em prevenção.
Já a falta de saneamento básico levou, em 2022, ao registro de 191,4 mil internações hospitalares, com custo superior a R$ 87 milhões, de acordo com dados do DataSus. O Censo Demográfico do IBGE 2022 indica que 24,3% da população vivia com soluções de esgoto precárias e 3%, sem abastecimento adequado de água. Ambas as carências contribuem para doenças como diarreias, dengue e verminoses.
No Ar: Pampa Na Madrugada