Domingo, 06 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de janeiro de 2022
O dólar teve um ano de valorização em relação ao real em 2021. Até o momento, a alta já foi de mais de 6%, passando de R$ 5,20 no começo do ano para a casa dos R$ 5,70 atualmente.
E especialistas afirmam que, em 2022, a moeda norte-americana ainda deve se manter acima dos R$ 5. Segundo eles, há um certo espaço de queda, em especial com o ciclo de alta de juros que deve continuar em 2022, mas fatores internos e externos limitam esse efeito.
Desempenho
Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, afirma que a cotação de uma moeda sempre é baseada em uma “realidade e em uma expectativa”. Em geral, quando as duas convergem, há uma estabilidade nas variações.
Esse não tem sido o caso do real em relação ao dólar nos últimos anos. Apesar de fatores internos contribuírem para isso, o maior peso ainda é da pandemia e suas consequências.
“Em 2020 e em 2021 nós tivemos no mundo uma situação atípica pela pandemia. Não sabíamos como as economias iam reagir, o que teria de oferta regular e oferta afetada. Por conta disso, as oscilações foram ocorrendo”, afirma Teixeira.
Segundo ele, o cenário foi se tornando mais previsível com o tempo, e a situação hoje está mais próxima de uma estabilidade. Entretanto, qualquer novidade ligada ao tema, como o surgimento de uma nova variante, reativa temores e favorece o dólar, moeda tradicionalmente usada como proteção por investidores.
Mas o dólar não chegou a US$ 5,70 recentemente apenas por fatores externos. Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, o Brasil “exporta duas coisas, commodities e taxa de juros”.
“Os anos de 2021 e 2020 tiveram o que eu chamo de menor Selic que nunca existiu. O nível muito baixo cobra um certo efeito no câmbio, e isso bateu de forma a desvalorizar o real. Mas o Brasil tem bons fundamentos externos, a balança comercial é positiva e as reservas estão em níveis confortáveis”, diz.
Ele afirma que a desvalorização acabou sendo um resultado dessa “taxa de juros experimental”. Ao mesmo tempo, por mais que o Banco Central consiga elevá-la, ainda existem fatores que trazem risco e instabilidade, em especial incertezas políticas e fiscais e, portanto, os juros sozinhos não conseguem reduzir o dólar de volta ao patamar pré-pandemia.
Cenário
O cenário do Brasil deve ter dois grandes elementos que vão influenciar o comportamento do dólar em relação ao real em 2022.
De um lado está a taxa de juros, que passa por um dos mais intensos ciclos de alta em meio a uma inflação elevada. Em teoria, uma Selic alta atrai mais investimentos estrangeiros, já que o rendimento dos títulos do Tesouro é atrelado a ela, o que aumenta a entrada de dólar e valoriza o real.
Perfeito afirma que esse cenário traz uma perspectiva mais otimista para 2022. A expectativa de alta de exportação com commodities também favorece o câmbio, já que há mais entrada de dólar. A expectativa de queda da inflação é, ainda, um ponto positivo, segundo ele.
Já Teixeira diz que “quando eleva a taxa de juros, o que se tenta fazer é conter uma alta inflacionária” que estamos vendo acontecer. “A gente sabe que com uma elevação da Selic, dependendo do nível, pode ter uma vantagem da taxa de câmbio estabilizar ou reduzir um pouco pela entrada de capital estrangeiro”.
O mais provável, segundo ele, é que o ciclo aumente a estabilidade nas variações cambiais, mas não necessariamente leve a quedas relevantes. O câmbio, para ele, está em um patamar elevado, em que não se deve esperar novos solavancos de alta, a menos que surjam surpresas.
No Ar: Pampa Na Tarde