Terça-feira, 03 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 18 de junho de 2022
Um laudo de peritos da Polícia Federal confirmou, neste sábado (18), que o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram mortos a tiros, com munição de caça. Segundo a análise, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax.
O resultado soluciona algumas das questões sobre a morte da dupla, que estava desaparecida desde o dia 5 de junho, durante uma viagem na terra indígena do Vale do Javari, no Amazonas. A análise foi possível depois que restos mortais de Bruno e Dom foram encontrados, em 15 de junho. Três suspeitos estão presos pelo crime (veja mais abaixo).
Saiba o que diz o laudo da PF sobre as mortes:
– Segundo a análise, o exame médico-legal realizado pelos peritos indica que a morte de Dom Phillips foi causada por traumatismo na região do tronco, com lesões principalmente na região abdominal e torácica.
– O laudo aponta que as lesões foram causadas por um disparo de arma de fogo com munição típica de caça, com múltiplos balins – esferas de chumbo ou aço que se espalham após um tiro de espingarda.
– Já Bruno Pereira, de acordo com a PF, foi morto por traumatismo no tronco e na cabeça.
– A análise aponta que ele foi alvo de três tiros: dois no tórax/abdômen e um na face/crânio. A PM afirma que os disparos de arma de fogo foram feitos com munição típica de caça, com múltiplos balins.
– O laudo aponta que “não existem indicativos da presença de outros indivíduos em meio ao material que passa por exames”. Ou seja, não há possibilidade de existência de restos mortais de outras pessoas no material que está sendo analisado.
– A identificação de Bruno foi possível por meio de análise da arcada dentária.
– Já Dom Phillips foi identificado por meio da arcada dentária e de exame de impressões digitais.
– A PF afirma que os peritos vão continuar os trabalhos nos próximos dias, com exames de genética forense, antropologia forense e métodos complementares de medicina legal. O objetivo é identificar totalmente os remanescentes e compreender a dinâmica dos eventos.
Confissão e terceiro suspeito
Os restos mortais foram encontrados na quarta-feira (15), no Amazonas, após Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, confessar envolvimento no assassinato de Pereira e Phillips e indicar onde estavam os corpos.
Amarildo e o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, foram presos por envolvimento nos assassinatos. Um terceiro suspeito foi identificado como Jeferson da Silva Lima, vulgo “Pelado da Dinha”, e preso neste sábado.
Em nota divulgada nesta sexta, a PF também informou que as investigações apontam que não houve mandante ou organização criminosa envolvida no crime. Segundo o texto, a apuração continua e novas prisões podem ocorrer, mas o inquérito aponta “que os executores agiram sozinhos”.
Motivação
Os corpos das vítimas teriam sido esquartejados e enterrados. A motivação do crime ainda é incerta, mas a polícia apura se há relação com a atividade de pesca ilegal e tráfico de drogas na região. Segunda maior terra indígena do país, o Vale do Javari é palco de conflitos típicos da Amazônia: desmatamento e avanço do garimpo.
Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, está detido desde 7 de junho. Segundo a polícia, ele foi visto por ribeirinhos, no dia do desaparecimento, em uma lancha logo atrás da embarcação de Pereira e Phillips. Os agentes encontraram vestígios de sangue no barco do suspeito, que vinha negando ter qualquer relação com o caso. Já Oseney, o “Dos Santos”, foi preso temporariamente na terça-feira (14).
Na quarta-feira (15), além de confessar participação nos crimes, Amarildo também indicou onde afundou a embarcação que era usada por Bruno e Dom. O restos mortais foram achados a cerca de 3,1 km de distância de onde itens pessoais do indigenista e do jornalista, como cartão de saúde e notebook, haviam sido encontrados dias atrás.
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