Quarta-feira, 13 de Agosto de 2025

Home Política Em Brasília, autor do livro “Como as Democracias Morrem” elogia as instituições brasileiras e elogia Trump

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O cientista político Steven Levitsky, autor do best-seller “Como as Democracias Morrem”, afirmou nessa terça-feira (12), em Brasília, que as instituições brasileiras deram um exemplo de resistência democrática durante o governo Jair Bolsonaro, em contraste direto com a postura considerada passiva das instituições dos Estados Unidos diante das investidas autoritárias do ex-presidente Donald Trump. A declaração foi feita durante um seminário realizado no Senado Federal, voltado à discussão sobre os desafios à democracia na América Latina.

Levitsky, que é professor de Ciência Política na Universidade Harvard e uma das vozes mais influentes no debate global sobre o enfraquecimento das democracias, não poupou críticas à forma como a elite política e jurídica norte-americana lidou com a ascensão de Trump. “Eles ficaram de lado, eles correram e se esconderam. Em contraste, as instituições brasileiras se defenderam, defenderam a democracia”, afirmou o professor, ao destacar o papel das instituições brasileiras — em especial, o Supremo Tribunal Federal — durante o período em que Bolsonaro esteve no poder.

Segundo Levitsky, a Suprema Corte dos Estados Unidos falhou em conter os avanços autoritários de Trump, enquanto o Supremo brasileiro adotou uma postura firme diante das ameaças institucionais. “A Suprema Corte americana atrapalhou os esforços de pararem o Trump, e a corte suprema brasileira está agressivamente tentando processar o Bolsonaro”, destacou.

Em tom crítico, o cientista político também considerou contraditória a postura recente do governo norte-americano, que anunciou medidas econômicas contra o Brasil — entre elas, um tarifaço de 50% sobre certos produtos. Para ele, trata-se de uma punição injusta contra um país que agiu de forma exemplar. “A grande ironia é que os Estados Unidos estão punindo o Brasil hoje por fazer o que os americanos deveriam ter feito. Como cidadão americano, eu me sinto envergonhado”, afirmou.

Levitsky também chamou atenção para a ausência de uma memória coletiva sobre regimes autoritários nos Estados Unidos, o que, segundo ele, dificulta a percepção da população sobre o risco real de uma ruptura democrática. Em contraste, países como Brasil, Argentina e Coreia do Sul, por terem enfrentado ditaduras em tempos recentes, desenvolveram uma sensibilidade maior à ameaça autoritária.

“A maioria dos americanos não entende a gravidade da ameaça que estamos enfrentando agora. Eles ainda acreditam que o autoritarismo não pode acontecer nos Estados Unidos de jeito nenhum. Os brasileiros não têm essa ilusão”, analisou.

Ao encerrar sua participação, Levitsky alertou: “Se políticos, juízes e a sociedade civil não enfrentarem agressivamente as ameaças autoritárias, até as democracias mais consolidadas podem morrer. Essa é a lição que nós, americanos, estamos aprendendo agora.”

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