Terça-feira, 07 de Maio de 2024

Home em foco Em Pequim, presidente do PT Gleisi Hoffmann exalta “democracia efetiva” da China

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Em visita à China, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu o modelo de desenvolvimento do país governado pelo Partido Comunista desde 1949, que chamou de “democracia efetiva”. Em contraste com as críticas que o sistema político de partido único chinês costuma sofrer pelas restrições às liberdades no país, Gleisi disse que o desenvolvimento chinês comprova a eficiência do modelo implementado pelo PC.

“O Ocidente tem que parar de dar lição de democracia. O que eu vejo aqui, inclusive na organização do partido e da sociedade, é uma democracia e uma participação nos extratos mais baixos da sociedade aos mais altos no desenvolvimento do país. Quisera tivéssemos isso nos países em que o capitalismo é o coordenador da economia”, disse Gleisi em entrevista concedida na embaixada do Brasil em Pequim.

É um discurso parecido com o apresentado pelo PC chinês ao ser criticado no Ocidente pela ausência de democracia no país. Gleisi passou três dias na capital chinesa, liderando uma delegação petista de 28 membros. Ela embarca de volta ao Brasil nesta sexta, mas a maior parte do grupo seguirá no país, cumprindo um programa de 12 dias preparado pelo governo chinês.

Questionada sobre a desaprovação de parte da sociedade brasileira com a proximidade do PT e do presidente Lula com governos autoritários, entre eles o da China, Gleisi disse que é preciso entender melhor o país antes de julgá-lo.

“Há muita desinformação e preconceito do Ocidente. ‘Narciso acha feio o que não é espelho’, como diz a música [“Sampa”, de Caetano Veloso]. Como não conhecem, não consideram todo o processo cultural como está sendo construído. Muitas vezes os países adotam sistemas que podem parecer ruins aos olhos de outros para se defender, para poder cuidar de seu povo, já que não encontram solidariedade”, afirmou.

Além de participar de um “seminário teórico” com membros do PC, a presidente do PT encontrou-se com professores da Escola Central do Partido, visitou o Museu do Partido Comunista e encontrou-se com Li Xi, um dos sete membros do Comitê Permanente do Politburo, a mais alta instância de poder da China. A visita da delegação petista é uma retribuição à viagem feita no ano passado por Li ao Brasil, quando foi assinado um termo de cooperação entre o PT e o PC chinês.

Direitos humanos

Nos últimos anos, o governo chinês tem sido condenado por organizações de direitos humanos e pressionado pelo Ocidente pela perseguição a minorias muçulmanas na província de Xinjiang, no leste do país, que os EUA qualificam como genocídio. Lula evitou o assunto quando esteve na China, no ano passado, mas durante a mesma visita não poupou críticas aos Estados Unidos, que segundo ele incentivavam a guerra na Ucrânia. Alguns ativistas acusam Lula de ser seletivo em sua defesa dos direitos humanos, poupando governos de esquerda enquanto critica outros, como o de Israel pela guerra em Gaza.

Gleisi disse que não estava acompanhando o caso de Xinjiang, mas que o PT “não é condescendente com a violação de direitos humanos em qualquer país”. Para ela, porém, os países do Ocidente não tem moral para falar do tema.

“Os EUA têm que resolver [a prisão de] Guantánamo antes de apontar o dedo para os outros. Obviamente que a gente faz críticas ao que está acontecendo na Faixa de Gaza, que é uma violação dos direitos humanos. Somos a favor dos direitos humanos. O problema é que quem se arvora a ser defensor de direitos humanos e intervém em outros países para defender direitos humanos viola os direitos humanos. Nem a Europa, por sua história de colonialismo tem esse direito. Todos deveriam fazer uma grande autocrítica”, disse a presidente do PT.

Investimentos

Segundo Gleisi, em suas conversas nos últimos dias em Pequim não foi discutido o atual excesso de capacidade da economia chinesa, que tem preocupado outros países pela ameaça às indústrias nacionais de uma inundação de produtos baratos do gigante asiático. Nos últimos meses, foi aberta no Brasil uma série de investigações sobre a suspeita de dumping [venda a preços inferiores ao do mercado de origem] praticado pela China em suas exportações industriais para o país. Para a presidente do PT, porém, a China não deve ser visto como uma ameaça aos empregos na indústria brasileira.

“Se a planta industrial for lá, pelo contrário, vai dar emprego aos brasileiros. É importante que a China esteja se instalando lá para produção de energia limpa, com um investimento grande. Acabou de instalar uma planta de carros [da BYD] no lugar da Ford na Bahia. Isso tem uma importância para a nossa economia sem precedentes”, afirmou a deputada federal (PT-PR).

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