Domingo, 16 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 15 de novembro de 2025
O empresário Kalil Bittar, ex-sócio de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem uma relação de longa data com a família do petista. A Polícia Federal acredita que ele tenha vendido o acesso a pelo menos um empresário, André Gonçalves Mariano, interessado em expandir negócios por meio de contratos públicos.
As suspeitas de tráfico de influência são investigadas na Operação Coffee Break, que mira também uma “ex-nora” do presidente, Carla Ariane Trindade Silva, que foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho da ex-primeira dama Marisa Letícia. Carla foi alvo de buscas na quarta-feira (12), quando a operação foi deflagrada por ordem da Justiça Federal em Campinas. Os agentes levaram celular, computador e um caderno de capa dura.
O advogado Roberto Bertholdo, que representa Kalil, disse que ele está à disposição para colaborar com as investigações, “na certeza de que comprovará a improcedência de quaisquer acusações”.
Não é a primeira vez que o nome de Kalil aparece nas investigações da PF. Em 2016, no auge da Operação Lava Jato, o empresário foi gravado em uma conversa grampeada com o filho de Lula na investigação sobre o sítio de Atibaia. O sítio estava registrado em nome do irmão de Kalil, Fernando, mas na ocasião o empresário ligou para Lulinha pedindo autorização para fazer um churrasco na propriedade.
Quando a Lava Jato abriu um processo criminal sobre o sítio e atribuiu a Lula sua propriedade, a amizade entre as famílias foi um dos principais argumentos das defesas para justificar a frequência de idas do então ex-presidente a Atibaia.
Relação
Com o retorno de Lula ao Planalto, para o terceiro mandato, Kalil Bittar teria recuperado a influência nos círculos de poder em Brasília. É neste momento que a relação com o empresário André Gonçalves Mariano se estreita, segundo a Polícia Federal.
Mariano, que foi preso preventivamente na Coffee Break, é dono de uma empresa de materiais didáticos, a Life Educacional. Segundo conversas e documentos obtidos pela PF, ele se aproximou de “influentes figuras da política local e nacional” para conseguir decolar os negócios. Kalil seria uma dessas pessoas.
Em uma conversa no WhatsApp com o secretário de Educação de Hortolândia, no interior de São Paulo, Fernando Gomes Moraes, em junho de 2022, o empresário pergunta se “vale a pena fazer um investimento lá no patrocínio do programa de TV do ‘amigo’”. “Há um interesse mútuo de todo o mundo”, afirma Mariano.
O secretário – que também foi preso na operação da PF – incentiva: “Acho legal o Kalil porque fica uma porta médio longo prazo se o Lula for presidente. O Kalil tem esse espaço que é dele, nem ninguém tira dele esse espaço.” O inquérito aponta que, a partir de 28 de novembro de 2022, um mês depois da eleição de Lula, Mariano começou a pagar uma “mesada” a Kalil. As transferências bancárias ocorreram entre as contas pessoais. Os pagamentos seguiram até fevereiro de 2024, somando R$ 210 mil.
O primeiro contato entre os dois acontece em dezembro de 2021, mas é após o segundo turno das eleições de 2022 que, segundo a Polícia Federal, Mariano “passa a apostar abertamente na maior influência de Kalil”.
Agenda apreendida
Na agenda de Mariano, a PF encontrou diversas anotações sobre reuniões e ligações de negócios com o ex-sócio de Lulinha. Em uma delas, em novembro de 2022, quando Lula sequer havia tomado posse, o empresário já pretendia “expor as possibilidades” de materiais que poderia vender ao governo federal e a “estados do PT” – uma referência sobre regiões onde o partido de Lula têm domínio político.
A lista inclui “livros para o novo ministério”, “livros de reforço escolar (promessa de campanha dita como uma das prioridades), podendo ser usado os games”, “livros paradidáticos” (O MEC é o maior comprador do Brasil).
Carro de luxo
A investigação também aponta que Mariano teria “doado” uma BMW 540I a Kalil. O carro avaliado em R$ 240 mil foi comprado em nome da Life Educacional. “Há fortes indicativos que o veículo tenha sido utilizado como pagamento para Kalil, já que ele estava em posse do carro pelo menos desde 2023 e não foram identificadas transações que poderiam ser pagamentos pelo veículo na quebra bancária da empresa Life ou na de Mariano”, diz a PF. As informações são do Estado de S. Paulo