Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Home Brasil Empresários cobram o fim do desmatamento ilegal na Amazônia

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Principal fonte de descrédito para o Brasil durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26), o desmatamento ilegal na Amazônia virou tema de uma carta assinada por 19 CEOs de grandes empresas com operação no País – lista que deve crescer nos próximos dias. No documento, eles cobram políticas para combate à derrubada irregular da floresta e apontam soluções, como o uso intensivo de tecnologia de rastreamento e a inclusão econômica das comunidades locais.

Organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) em parceria com a iniciativa Uma Concertação, o posicionamento foi divulgado neste domingo (7) durante a COP-26, em Glasgow, na Escócia. A carta reúne assinaturas de CEOs como Eduardo Bartolomeo (Vale); João Paulo Ferreira (Natura & Co); Jean Jereissati Neto (Ambev); Mauricio Rodrigues (Bayer); Fabio Adegas Faccio (Renner); e Tânia Consentino (Microsoft).

“O desmatamento é o nosso elefante na sala. Representa 44% das emissões de gases de efeito estufa do País, sendo que, deste total, mais de 90% são provenientes de atividades ilegais”, afirma Marina Grossi, presidente do Cebds. “O desmatamento ilegal não gera renda, não cria empregos, derruba árvores que tiram gases do efeito estufa. O único que tira proveito disso é o criminoso.”

Emissões

O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima mostra que as emissões brasileiras de gases de efeito estufa cresceram 9,5% em 2020, mesmo com a paralisação econômica provocada pela pandemia. O principal motivo foi o desmatamento na Amazônia, o que tem sido uma constante durante o governo Jair Bolsonaro.

Marina Grossi foi uma das organizadoras de uma carta entregue no ano passado ao vice-presidente Hamilton Mourão, na qual o empresariado e representantes de entidades setoriais pediram ao governo o combate ao desmatamento ilegal. O documento  divulgado neste domingo é tratado como uma sequência, aprofundando as propostas de soluções. “Não é uma COP de declarações, mas queremos mostrar como as coisas serão feitas”, afirma ela.

Investimento

Na carta, os empresários reforçam a importância do poder público na aplicação da lei e no combate ao desmatamento ilegal. Defendem investimento na digitalização de cadeias produtivas, como a da madeira e a da pecuária, assegurando a legalidade das operações, impedindo que recursos públicos e privados financiem atividades ilícitas. O documento trata ainda de bioeconomia, energia e infraestrutura, inclusão das comunidades locais e tecnologia.

Roberto Waack, cofundador da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, diz que a presença empresarial na COP-26 tem sido marcante, sinalizando que a sociedade brasileira continua protagonista. “Certamente vai superar as dificuldades que o Brasil tem hoje de credibilidade, com demonstrações concretas de ações no sentido de reduzir emissões e controlar o desmatamento.”

Para Marina, que foi negociadora brasileira entre o fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, o governo até emitiu sinais positivos durante a COP-26. Ela cita a assinatura do Brasil no Compromisso pelas Florestas ao lado de mais de 100 países, documento em que todos se comprometem a acabar com o desmatamento até 2030, e o realinhamento de metas ao Acordo de Paris.

Cobranças

— Rastreabilidade da cadeia: É preciso investimento na digitalização de cadeias como a da madeira e a da pecuária, algo essencial para impedir que recursos públicos e privados sejam destinados para atividades ilegais;
— Bioeconomia: É preciso desenvolver políticas públicas que engajem atores estratégicos, em especial as comunidades locais, garantindo a efetividade de mecanismos de repartição dos benefícios provenientes da biodiversidade;
— Energia e infraestrutura: É necessário investimento em infraestrutura e inclusão energética da população que vive na Amazônia, priorizando a redução das desigualdades.

Quem assina o documento: CEOs da Ambev; Bayer; Bracell; Energisa; EY; Grupo Sabará; Care; Impacta Advocacy; Lojas Renner; Michelin; Microsoft; Natura; Schneider Electric; Siemens; Siemens Energy; Shell; Ticket Log; TozziniFreire; e Vale.

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