Sexta-feira, 26 de Abril de 2024

Home Economia Empresas que tomaram dinheiro no mercado de capitais, aproveitando o cenário favorável da Selic muito baixa, verão seus custos com despesas de juros quase dobrar em 2022

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As empresas que acessaram o mercado de capitais para emitir dívida em 2021 e aproveitar o cenário favorável de Selic muito baixa verão seus custos com despesas de juros quase dobrarem em 2022. Dos R$ 250 bilhões captados no ano passado por meio de debêntures, 76% estão atrelados ao CDI e, portanto, expostos ao movimento da taxa básica de juros. Os dados foram consolidados pela gestora JGP.

Esse custo mais alto não coloca em risco a solvência das companhias – que, em sua maioria, têm alavancagem baixa -, mas certamente afetará a rentabilidade, com efeito direto sobre o lucro e, talvez, sobre a capacidade de crescimento no médio prazo. “O que o juro mais alto provoca é uma redistribuição do resultado, que antes ia para o acionista e, a agora, vai também para o credor”, diz Alexandre Muller, sócio-gestor da JGP.

Para estimar o impacto da alta da Selic, que começou 2021 em 2%, o gestor olhou para a evolução da dívida das empresas que compõem o IDEX-CDI, índice criado pela JGP e que reúne as debêntures atreladas ao CDI com boa liquidez no mercado. Levando-se em conta um CDI médio de 4,46% no ano passado, o custo efetivo de juros dessas empresas ficou em R$ 6,68 bilhões em 2021. Se a Selic subir para 12%, como prevê o mercado, o CDI médio neste ano passaria para 12,31%, elevando o custo desse grupo de empresas em 84%, para R$ 12,31 bilhões em 2022.

Mas não é só o aumento das taxas de juros que vai encarecer a dívida das companhias. Para Vivian Lee, sócia da Ibiúna Investimentos, é preciso notar que o spread, que é a taxa paga acima do CDI pelos títulos, também pode voltar a subir nos próximos meses. Como os emissores tendem a concentrar as operações no primeiro semestre por causa da eleição, isso também pode pressionar as taxas. “Quem precisar voltar a mercado pode ter que pagar um spread mais alto, além de um CDI bem mais elevado.”

Porém, diante de um ambiente mais incerto e do aperto na política monetária, os fundos de crédito ficaram mais seletivos no fim do ano. Como consequência da demanda mais equilibrada e de uma enxurrada de ofertas, o spread voltou a subir para perto de 1,80%.

“O mercado ficou ‘empapuçado’ no fim do ano, mostrando que, mesmo com o fluxo para renda fixa, o investidor não vai corroborar spreads tão baixos”, afirma Lee.

A questão, observa, é que os emissores que precisarem rolar suas dúvidas ou mesmo reforçar o caixa têm até meados deste ano para fazê-lo, porque tudo indica que, a partir daí, a disputa eleitoral tende a reduzir a disposição do investidor em assumir risco. Ou seja, pode haver uma nova concentração de ofertas nos próximos meses e, portanto, uma reprecificação dos papéis. “Quem precisar voltar a mercado pode ter que pagar um spread mais alto, além de um CDI bem mais elevado.”

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