Quarta-feira, 24 de Abril de 2024

Home Comportamento Entenda o que é “Oystering”, nova tendência de comportamento entre solteiros

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Entre procurar um novo amor ou mergulhar na dor de estar só após um término, há quem escolha se jogar nas redes sociais e em aplicativos de relacionamento apenas para fazer novas amizades (o que não impede de as coisas ficarem mais calientes depois).

Essa prática recebeu o nome de oystering nas principais plataformas e aplicativos de encontros, e — depois de um período dominado pelo F.O.D.A (“fear of dating again”), ou seja, o medo de se relacionar amorosamente na pandemia — tem sido vista como a bola da vez entre os solteiros de plantão.

“É um novo olhar para a solteirice, que tem projeção global, mas que é muito forte aqui no Brasil: por sermos um povo muito sociável, não gostarmos de ficar sozinhos. Vejo também como resultado de uma dessexualização em curso desses sites de encontros”, observa Henrique Diaz, vice-presidente de Seeding e Scale da Box 1824, agência de pesquisa de tendências.

Cunhado pela plataforma de encontros Badoo, o termo faz alusão à afirmação “the world is your oyster”, eternizada por William Shakespeare (1564-1616) na peça “As alegres comadres de Windsor”. À tradução literal (“o mundo é sua ostra”), imprime-se o sentido de “o mundo é seu”. “Levando em consideração só essa parte da frase, significa que, se o mundo é minha ostra, potencialmente posso encontrar uma pérola”, explica João Cezar de Castro Rocha, professor de Literatura Comparada da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Foi a busca por uma vida de solteiro recheada de novas experiências que motivou o publicitário Marcelo Feijó, de 38 anos, a recorrer aos aplicativos de relacionamento. Depois de passar por três namoros longos e atravessar parte da pandemia na “carentena”, o carioca não economizou a quantidade de matches.

“Agora que tudo está voltando, quero curtir, arrumar uma companhia para sair e conhecer uma menina que tenha os mesmos interesses que eu”, diz ele. “Estou numa faixa etária com poucos amigos solteiros para sair, a maioria está casado. Existe essa pressão da sociedade, e até acho que talvez esteja chegando a hora de sossegar, mas não vou namorar só pela carência. Isso é perigoso.”

O termo oystering é mais um da leva de neologismos criados por aplicativos de relacionamento para identificar padrões de comportamento no ambiente virtual, como o famoso ghosting e breadcrumbing. De acordo com Elis Monteiro, especialista e consultora de marketing digital, as plataformas idealizam esses nomes como estratégia de uso dos canais. “Na verdade, não são as mídias sociais que criam o comportamento para que ele seja seguido. As práticas surgem, elas percebem, se apropriam e incentivam, até para que os nichos e pares se encontrem”, esclarece.

Pandemia

Henrique Diaz, da Box 1824, acredita que a crise sanitária provocada pelo coronavírus impulsionou o oystering conforme os relacionamentos foram entrando em xeque. “A pandemia serviu como um grande espaço para se refletir e repensar formas de viver. As pessoas começaram a ver que ficar solteiro pode ser algo positivo, mas, claro, que também não precisavam passar o tempo sozinhas. Então, a regra é: você está solteiro, mas está podendo conhecer gente e sair, não só para ficar, mas para assistir a um filme ou coisas do tipo.”

Para a estilista Ingrid Marques, de 37 anos, a vida de solteira não teria tantos contras se não fosse pela falta de sexo. Sem engatar num relacionamento duradouro há seis anos, ela se jogou em três redes de encontro em busca de um match que suprisse algumas das suas necessidades afetivas e sexuais.

“Você acordou, numa bela manhã e, antes de trabalhar, quer transar. Não dá para acontecer”, dispara. “Minha pretensão não é ter um namoro de cara, mas que os encontros venham a ser crescentes e verdadeiros, com respeito e entrega. E isso está sendo difícil, porque virou um oba-oba. Sofrência sempre vai bater, estando ou não com alguém. O lance é como lidamos com nossas faltas internas, e isso ninguém preenche além de nós mesmas.” Tampouco uma pérola.

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