Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

Home em foco Entenda por que clubes emergentes de futebol se uniram para negociar a criação de uma nova liga

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As negociações para a criação da liga de clubes, que organizaria o Campeonato Brasileiro e cuidaria de questões comerciais, ganharam novo capítulo nesta semana. Dez clubes da primeira divisão nacional, autointitulados “emergentes”, anunciaram a criação de um bloco chamado “Forte Futebol” e publicaram uma carta.

Fazem parte desse grupo: América-MG, Atlético-GO, Athletico-PR, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude.

Dirigentes desses clubes uniram-se para melhorar a posição deles nas negociações que envolvem a liga. De certa forma, trata-se de resposta a outro grupo, que reúne os cinco paulistas da Série A (Corinthians, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo), além de Flamengo e Atlético-MG.

Esses blocos vêm divergindo nos bastidores, por exemplo, em relação à empresa que deve operar a futura liga e captar um sócio para ela no mercado financeiro. Os clubes de maior torcida assinaram um termo com a empresa Codajas Sports Kapital, liderada pelo advogado Flávio Zveiter, para que ela faça uma valuation (mensuração de valor) da liga.

Apesar de esse termo não ser vinculante – ou seja, não gera nenhuma obrigação aos clubes que o assinaram –, o bloco de emergentes se opôs a ele. O presidente do Athletico-PR, Mario Celso Petraglia, é uma voz dissonante em relação ao Codajas, e seu discurso ganhou força entre outros membros. O vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, reclamou da assinatura desse documento no podcast Dinheiro em Jogo.

“É uma espécie de proteção nossa no mercado. Alguns clubes assinaram propostas autorizando investidores a apresentar propostas para representá-los, e tudo isso foi feito de maneira fechada, ao contrário da ideia original da liga”, afirma o presidente de um desses clubes.

Outro problema tende a ser a divisão dos recursos entre os clubes – tanto das receitas operacionais, como os direitos de transmissão e os patrocínios do Campeonato Brasileiro, quanto do potencial aporte a ser feito por um sócio, que compraria participação na liga por cifras na casa dos bilhões de reais. Os membros do Forte Futebol entendem que esses números não serão totalmente igualitários, mas querem equilíbrio.

“Vamos respeitar diferenças, mas decidir em conjunto”, resume outro presidente, integrante do Forte Futebol, sobre a repartição da verba.

Dentro do grupo formado por paulistas, Flamengo e Atlético-MG, o movimento dos “emergentes” (como eles próprios se apresentam) foi visto com bons olhos por alguns dirigentes. De acordo com a avaliação de um cartola, a criação do Forte Futebol sinaliza que mais clubes estão dispostos a acelerar as discussões sobre a criação da liga.

Hoje existem algumas propostas para formatação e operação da liga. Uma delas é da Codajas Sports Kapital, do advogado Flavio Zveiter, e outra do consórcio formado pelas empresas Live Mode e 1190. Nas últimas semanas, a XP – que participou da venda de Cruzeiro e Botafogo – declarou-se em busca de investidores para a liga. Também há um grupo formado por KPMG, Dream Factory e o advogado Pedro Trengrouse.

Existe o entendimento de que a Lei do Mandante, criada em 2021 com apoio de dirigentes do Brasil inteiro, contribuiu para o fortalecimento desse novo bloco. Essa legislação tirou do visitante o poder sobre a venda dos direitos de transmissão; agora, o mandante decide sozinho a venda.

Os dez clubes do Forte Futebol são donos de 50% dos direitos de transmissão sobre os jogos do Brasileiro. Desde que todos continuem na primeira divisão, haverá maior força de barganha para eles no momento da fundação da liga. Se o bloco não rachar, avaliam seus integrantes, o grupo negociará em posição vantajosa com empresas e demais clubes.

“O estatuto [da liga] nem foi aprovado. Teve muita intriga e futrica, teve discussão por divisão de valores. É difícil você ser homogêneo quando existe disputa de ego”, disse um dos dirigentes.

A criação da liga teve seu primeiro movimento público em 15 de junho de 2021, na semana seguinte ao afastamento de Rogério Caboclo da presidência da CBF, na esteira das acusações de assédio moral e sexual. Cartolas se uniram para publicar um manifesto pró-liga. Depois do ímpeto inicial, as conversas esfriaram por conta de divergências entre dirigentes dos clubes envolvidos.

Recentemente, as conversas foram retomadas de forma “menos coletiva” – com blocos de clubes conversando separadamente com empresas interessadas na formatação e na comercialização do projeto. Todos esses movimentos ocorrem nos bastidores, sem que os cartolas tenham assumido posições públicas em relação a preferências e desafetos.

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