Sábado, 27 de Julho de 2024

Home Brasil Especialistas explicam como deter ataques neonazistas em escolas e universidades

Compartilhe esta notícia:

Pelas redes sociais e na deepweb, considerada o submundo da internet, grupos extremistas se articulam e recrutam mais militantes; e células nazistas têm crescido pelo mundo. No Brasil, aumentam os ataques de caráter neonazista em escolas e universidades: de símbolos pichados na parede, como na USP e na Unifesp, até o uso da suástica pelo atirador que matou três professoras e uma aluna em dois colégios de Aracruz (ES) no mês passado.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), grupos neonazistas já se tornaram uma “ameaça transnacional” e se aproveitaram da pandemia para expandir suas redes. Segundo a antropóloga Adriana Dias, que acompanha esses movimentos, no ano passado eram 530 células neonazistas no Brasil e, neste ano, 1.117. Para especialistas, os ataques ao ambiente escolar são reflexo desse crescimento, de forma geral, mas também pelo fato de as instituições de ensino serem, historicamente, espaços de disputa de ideologias.

Gestores educacionais relatam ser difícil prever até que ponto mensagens rabiscadas podem crescer para uma violência de maior escala, mas sabem que são um sinal de alerta. Por isso, acionam autoridades policiais e tentam conscientizar a comunidade acadêmica, aprimorar canais de denúncia e prestar acolhimento.

De 1° de julho a 30 de novembro, o Observatório Judaico de Direitos Humanos contabiliza 150 menções na imprensa de eventos violentos do tipo em estabelecimentos de ensino – não necessariamente são 150 casos, pois a entidade aponta que é necessário aprofundar a checagem para filtrar eventuais ocorrências repetidas.

O que fazer?

Até que ponto a violência verbal ou por imagens, com símbolos nazistas nas redes e ameaças nas paredes, pode se tornar letal, é difícil dizer. “Se há iniciativa de se dirigir pela escrita ou pela linguagem simbólica, para passar para a ação, o limite é tênue”, alerta Silvia.

O primeiro passo, dizem os especialistas, é envolver autoridades de segurança. Ao mesmo tempo, é preciso oferecer atendimento psicossocial e espaços de conversa sobre o fato. O acolhimento de vítimas (que pode ser uma pessoa visada por ameaça ou aqueles de determinado grupo ou identidade ao qual é feito ataque) e seus familiares também é essencial.

Nos casos em que o autor é identificado, Silvia Colello faz ressalvas sobre expulsar o aluno quando se trata do ensino básico. “Escola é espaço de formação. Acho problemático quando lida só com a com a coerção. Tem de chamar o sujeito para discutir, chamar as famílias e tudo mais. Mas, no âmbito da universidade, sou a favor de política mais diretiva. Justifica expulsão, pois estamos falando de adultos.”

Especialistas defendem ainda investir em educação antinazista, com formação crítica sobre o tema, bem como campanhas nacionais que busquem combater a glorificação ao nazismo feita por esses grupos. Mas destacam que a educação não será capaz de, sozinha, solucionar problema tão complexo.

Lia Vainer Schucman destaca que é preciso esforço de autoridades para identificar infratores e aplicar sanções, além de desarticular células. Empresas responsáveis por redes sociais e aplicativos também precisam remover conteúdos desse tipo com celeridade. “A desnazificação fica complexa nesses novos meios de comunicação, ainda mais quando eles funcionam por meio algoritmos”, pondera.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Futuro Ministro da Casa Civil diz que governo deve ter cerca de 35 ministérios
Ministro da Defesa deve se encontrar com futuro comandante da pasta nesta terça-feira
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Pampa News