Sexta-feira, 17 de Outubro de 2025

Home Brasil “Esses ministros não sabem o que é ir para a fila do SUS”, diz mãe de menino com microcefalia e autismo sobre decisão judicial que restringe a cobertura de planos de saúde

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Mãe de Guilherme, de 6 anos, que tem microcefalia e transtorno do espectro autista, Germana Soares, de 31 anos, recebeu um telefonema do plano de saúde enquanto acompanhava de casa a votação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), nesta quarta-feira (8), e ficou angustiada. É que o tribunal decidiu que as operadoras não precisam cobrir procedimentos fora lista da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Do outro lado, a funcionária do plano de saúde afirmou que iria verificar se o terapia intensiva TheraSuit, que ele solicitou para o filho estava na lista da ANS. Muito abalada, ela disse que o sentimento sobre a decisão era de impotência e de revolta.

Seis dos nove ministros da Segunda Seção votaram para definir que a lista da ANS contém toda a cobertura obrigatória. A decisão atinge exames, terapias, cirurgias e fornecimento de medicamentos, por exemplo.

“Quem nasce pobre no Brasil é condenado. A gente vive em um país em que o dinheiro fala mais alto que a vida. Esses ministros não sabem o que é ir para a fila de um SUS [Sistema Único de Saúde] de madrugada, passar meses esperando”, declarou Germana.

Germana soube o diagnóstico do filho assim que ele nasceu. Aos 20 dias de vida, Guilherme já fazia todos os tratamentos que eram possíveis. Pelo plano de saúde a que tinha direito por causa do trabalho do pai, chegou a fazer até o TheraSuit, que tem eficácia no tratamento de distúrbios motores.

Atualmente, com outro plano de saúde, solicitou o tratamento novamente. A resposta veio enquanto acompanhava a sessão e a deixou ainda mais abalada emocionalmente.

Germana contou que era corretora de imóveis, mas largou o trabalho para se dedicar totalmente ao filho.

“Larguei emprego, casamento, tudo em prol dele. Já vi o dia amanhecer na frente de clínica. Não é possível que não entendam que tratamento vai ser negado e muita gente vai morrer. Eu estou dilacerada, meu coração está dilacerado”, afirmou.

Mãe dos gêmeos Ângelo e Pedro, de 14 anos, que fazem parte do espectro autista, Polly Fitipaldi disse que chegou a ficar com a pressão alta acompanhando a votação desta quarta.

“Acompanhei e estou aqui passando mal. Foi muito tenso para a gente de qualquer forma. A gente estava desejando muito que o rol fosse exemplificativo porque nossa vida iria continuar difícil, mas não tão difícil”, disse.

A principal preocupação das mães é como será o futuro dos seus filhos sem os tratamentos adequados. “Eu estou de luto. Frustrada, preocupada. Se antes eu já não tinha certeza do futuro dos meus filhos, agora é só esperar eles puxarem o meu processo e afirmarem que estão cancelando os tratamentos”, afirmou.

A preocupação é porque os planos de saúde podem derrubar na Justiça as liminares que as famílias conseguiram para que os filhos tenham acesso a tratamentos especializados. Segundo Polly, é muito difícil encontrar tratamento adequado.

“E em Pernambuco não existe tratamento adequado para autista no SUS em canto nenhum. Apenas 15 cidades contam com algum dispositivo que fornece algum tratamento, mas não específico. Se já estava ruim vai ficar ainda pior”, declarou.

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