Segunda-feira, 10 de Novembro de 2025

Home em foco Estados Unidos retiram presidente da Síria de lista de promotores do terrorismo antes de encontro com Trump

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Os Estados Unidos retiraram formalmente o presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa, de uma lista de promotores do terrorismo, dias antes do ex-líder jihadista realizar uma visita histórica a Washington. A medida, anunciada pelo Departamento de Estado americano na sexta-feira, era amplamente esperada, após o governo americano liderar uma votação no Conselho de Segurança da ONU para eliminar as sanções internacionais contra o presidente — e representa uma reviravolta na história pessoal de quem já foi um alvo americano.

Anteriormente vinculado à al-Qaeda, Sharaa era considerado um “terrorista global especialmente designado” por Washington, que chegou a oferecer uma recompensa por sua captura. Há apenas um ano, ele era líder do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que derrubou a ditadura de Bashar al-Assad em dezembro do ano passado, e em sua juventude chegou a ser preso pelos EUA no Iraque. Agora, está prestes a ser recebido por Trump na Casa Branca na segunda-feira — algo que nem Bashar nem seu pai, Hafez, conseguiram em 50 anos.

Destacando que a aproximação com Sharaa abre um novo capítulo na política americana no Oriente Médio, Nick Heras, analista do New Lines Institute for Strategy and Policy, afirma que “Trump traz Sharaa à Casa Branca para dizer que ele não é mais um terrorista, mas um líder pragmático e, acima de tudo, flexível, que sob a tutela americana e saudita fará da Síria um pilar estratégico regional”.

Washington considera que o governo de Sharaa está cumprindo com as demandas de EUA, incluindo trabalhar para encontrar os americanos desaparecidos e eliminar qualquer arma química restante. Desde que assumiu o poder, Shaara tem recebido ministros, líderes e empresários ocidentais, e estreitou laços com os países da região, incluindo as ricas monarquias do Golfo — que promoveram um encontro entre ele e Trump na Arábia Saudita, em maio. Na oportunidade, o presidente americano chamou o líder sírio de “um cara durão”.

“Essas ações estão sendo realizadas em reconhecimento ao progresso demonstrado pela liderança síria após a saída de Bashar al-Assad e mais de 50 anos de repressão”, disse o porta-voz do Departamento de Estado Tommy Pigott, em comunicado.

Coalizão internacional

Durante a visita, espera-se que Damasco assine um acordo para se juntar à coalizão internacional antijihadista liderada pelos EUA, antecipou o enviado americano para a Síria, Tom Barrack. Como parte dela, Washington tem tropas há anos no nordeste do país, sob hegemonia curda. Washington também planeja estabelecer uma base militar perto de Damasco, que será fundamental na triangulação da arquitetura de segurança com Israel — que inicialmente se opôs à aproximação e bombardeou intensamente a Síria.

A Rússia, que abrigou Assad e sua família após a queda da ditadura, possui duas bases militares na Síria: a base naval de Tartus e a base aérea de Hmeimim, na costa mediterrânea.

No campo econômico, Damasco tenta encontrar fundos para sua reconstrução — tarefa que pode superar amplamente os 200 bilhões de dólares (mais de R$ 1 trilhão, na cotação atual), segundo o Banco Mundial.

Votação na ONU

A votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas aconteceu na quinta-feira, sob pressão americana. Quatorze países votaram a favor da resolução que retirava as sanções de Sharaa e do ministro do Interior sírio, Anas Hasan Khatta. A China se absteve.

As sanções relacionadas aos dois líderes políticos sírios tinham a ver com envolvimento ao terrorismo, devido a elos antigos com al-Qaeda e Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

“Com a adoção deste texto, o Conselho está enviando um forte sinal político que reconhece que a Síria está numa nova era”, afirmou o embaixador dos EUA na ONU, Mike Waltz.

A Síria saudou a decisão, que, segundo o Ministério das Relações Exteriores, reflete a crescente confiança na liderança de Al-Sharaa. (Com O Globo e CNN)

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