Terça-feira, 17 de Setembro de 2024

Home Economia Estrangeiro mostra otimismo com o Brasil após arcabouço fiscal

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O arcabouço fiscal proposto pelo governo na semana passada trouxe novamente ao foco um viés mais otimista do investidor estrangeiro em relação ao Brasil, o que já se refletiu no comportamento dos ativos domésticos. Desde que o plano elaborado pelo Ministério da Fazenda foi revelado, houve uma redução relevante de posições compradas em dólar contra o real – ou seja, que apostam na apreciação da moeda americana -; os não residentes aportaram R$ 3,12 bilhões no mercado secundário de ações, de acordo com a B3; e, na renda fixa, a busca por títulos prefixados de longo prazo ajudou a derrubar os juros nos últimos dias.

“Tenho a tendência de acreditar que o governo está mostrando os sinais corretos, de entender as dinâmicas e as preocupações que há entre os investidores internacionais”, afirma Carlos Carranza, gestor de mercados emergentes da Allianz Global Investors. Embora ressalte que a tramitação da proposta será importante na visão dos estrangeiros, ele nota que, até o momento, “a mensagem foi bem recebida e isso ficou claro nos ativos”.

Nos últimos dias, os movimentos de apreciação do real e de queda dos juros futuros têm sido relevantes. Ontem, durante o pregão, o dólar chegou a cair a R$ 5,01, enquanto as taxas futuras de longo prazo abandonaram a casa dos 13%. Cabe notar que um sentimento mais positivo em relação aos ativos brasileiros surgiu mesmo antes da apresentação oficial do texto, já que o mercado chegou a antecipar a apresentação de uma proposta fiscal razoável.

“O fortalecimento da moeda é um sinal de que o mercado está enxergando um plano econômico de longo prazo sustentável”, diz Carranza. “Se houver a continuidade de políticas econômicas sustentáveis ao longo do governo, será o caso de uma grande valorização das ações”, aposta o gestor. “O desenho da proposta foi bom, sem dúvidas. Agora o debate deve ser acompanhado no dia a dia para saber como o plano será executado.”

Carranza aponta que a Allianz está otimista em relação ao Brasil e vê espaço para investimentos no câmbio e nos juros. “Nossos investimentos têm visões construtivas para o país, para o real, para os títulos. Achamos que o governo terá êxito na execução do plano, o que levará o Brasil a ser um ambiente bom para investimentos.”

Um movimento que chamou a atenção dos agentes nos últimos dias, inclusive, foi o desmonte nas posições compradas em dólar de investidores estrangeiros. De acordo com dados da B3 sobre as posições em dólar futuro, cupom cambial (DDI) e dólar mini, os não residentes reduziram posição comprada (que aposta na alta do dólar) em US$ 5,532 bilhões entre quinta-feira, quando a proposta de arcabouço fiscal foi revelada, e terça-feira.

Mercados globais

“Os mercados globais estão um pouco mais tranquilos no geral, com os juros longos americanos caindo e um ambiente mais calmo no setor bancário. Isso ajuda qualquer mercado de risco, inclusive o real. Além disso, o juro é alto e está mais elevado que em outros mercados emergentes. Além disso, o risco de cauda está diminuindo e isso ajuda a moeda, porque é mais fluxo entrando no mercado local”, afirma o estrategista e economista para América Latina da Emso Asset Management, Bret Rosen.

“Acredito que os investidores podem ter suas opiniões sobre o conteúdo [do arcabouço fiscal], mas um fato é que ele tira um pouco das dúvidas que estavam no cenário. O investidor estrangeiro agora tem, pelo menos, uma apresentação sobre o assunto”, diz.

Rosen, inclusive, lembra que, três meses atrás, o mercado ainda tinha muitas dúvidas sobre a direção da política econômica no Brasil. “Em novembro e dezembro, os juros estavam muito altos e havia comentários de que o Brasil poderia entrar em uma ‘aventura fiscal’ e que a dívida poderia explodir. De uma forma geral, o mercado retira do preço essa cauda de ‘aventura fiscal’. Talvez a dívida/PIB suba, mas se o arcabouço vier do jeito que foi apresentado, não irá explodir. Isso tranquiliza um pouco a perspectiva do estrangeiro”, afirma.

Carranza, da Allianz, acredita que, neste momento, o ambiente é positivo para que o câmbio volte a testar níveis abaixo de R$ 5 por dólar.

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