Terça-feira, 21 de Outubro de 2025

Home Economia Estrangeiros tiraram em abril quase 8 bilhões de reais da Bolsa brasileira, 1º resultado negativo no ano, o que levou o Ibovespa a uma baixa recorde

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Após um primeiro trimestre de forte entrada, o fluxo de recursos estrangeiros na Bolsa inverteu a mão em abril. No segmento secundário, aquele com ações já listadas, o saldo líquido ficou negativo em R$ 7,677 bilhões, segundo dados divulgados pela B3.

A saída desse dinheiro foi um dos fatores que levaram o Ibovespa, principal índice da B3, a uma queda de 10,10% no mês, o pior desempenho mensal desde março de 2020, com o início da pandemia.

Com o resultado de abril, o superávit anual da conta caiu para R$ 57,650,4 bilhões.

A leitura que predomina, no momento, é que ainda é cedo para afirmar que a diminuição do fluxo significa uma reversão completa da tendência observada no primeiro trimestre, mas representa uma acomodação.

No entanto, o movimento de retirada gera preocupações. Isso porque, o dinheiro estrangeiro tem forte importância para o nosso mercado, e ganha ainda mais relevância em um ambiente de retirada dos investidores locais, que já ocorre desde o segundo semestre do ano passado.

Para se ter uma ideia, o saldo anual do investidor individual está negativo em R$ 6,58 bilhões e o do institucional, em R$ 63,51 bilhões.

Foram os recursos estrangeiros que permitiram com que o Ibovespa tivesse um desempenho melhor do que os índices acionários de economias desenvolvidas no começo do ano.

“Faz parte você ter esse comportamento distinto. O fluxo não é uma linha reta, seja para Brasil ou para qualquer lugar. Mas deixou óbvio que esse movimento de alta do Ibovespa era baseado no estrangeiro e não no local. Se não tivéssemos esse fluxo, que é bem especulativo, o Ibovespa estaria a níveis mais baixos”, destaca o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz.

Segundo analistas, o fluxo ainda deve se manter em um patamar relevante, mesmo que em processo de desaceleração. Essa visão é baseada no fato de que os fatores que trouxeram os recursos ao Brasil continuam em vigor.

Entre esses componentes, destacam-se o patamar elevado das commodities, a rotação de carteiras globais em busca de papéis de “valor”, como são chamados os ativos de empresas ligadas aos ciclos globais e com fundamentos sólidos, que têm forte peso na bolsa brasileira, e a posição relativa favorável do Brasil ante outros emergentes, como a Rússia.

O espaço deixado pelo país do leste europeu em índices emergentes, por exemplo, ajuda a intensificar o fluxo financeiro para o Brasil.

Além disso, os ativos brasileiros continuam “baratos” na comparação com os pares globais, principalmente aqueles mais ligados à economia doméstica.

Para os próximos meses, é aguardada maior volatilidade devido à proximidade do cenário eleitoral e a menor liquidez externa.

Causas

O gestor de ações da ARX Investimentos, Alexandre Sant’Anna, destaca que a retirada dos recursos em abril ocorreu em meio a um cenário externo mais adverso, com preocupações sobre os anúncios de lockdowns na China e a respeito da aceleração do processo de alta de juros nos Estados Unidos.

“Por questões de lockdown na China, você teve uma realização das principais commodities, o que gerou um receio de desaceleração. Essa saída em abril também reflete a perspectiva de elevação dos juros americanos, uma inflação mundial elevada e perspectivas de crescimento reduzidas.”

O Federal Reserve, banco central americano, já elevou as taxas no país em 0,25 ponto percentual em março, a primeira elevação desde 2018. E deve realizar, nesta quarta-feira (4), uma alta de 0,50 ponto percentual.

A aposta em ativos de bancos e de empresas ligadas a commodities, grandes atratores dos recursos estrangeiros no primeiro trimestre, mostrou sinais de desaceleração em abril.

O movimento ocorreu tanto pela indicação do Fed de acelerar o processo de aperto monetário, o que pode levar a uma desaceleração da economia global, tanto pelas restrições chinesas.

O gestor de fundos da Arena Investimentos, Maurício Pedrosa, explica que existiam motivos para uma realização em abril, já que a rentabilidade dos investimentos feitos no início do ano estava positiva.

“Agora, ele (investidor estrangeiro) tem um incentivo diferente. É possível que tenhamos um ambiente lá fora de juros mais generosos e robustos, o que torna a atratividade do dólar maior. Isso explica bastante esse comportamento no mês de abril e a queda do nosso índice.”

Para o gestor da ARX , fatores internos, como o embate entre Poderes e a proximidade do período eleitoral ainda têm influência marginal nesse processo.

“Está um embate muito grande entre o atual presidente e o candidato do PT, que provavelmente será o Lula. E são candidatos muito conhecidos pelo investidor estrangeiro. Você não vê esse investidor com receio, dado que não é algo novo.”

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