Terça-feira, 05 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 5 de agosto de 2025
Aos 62 anos, Phyllis Jones enfrentava um momento sombrio. Após a morte da mãe, o impacto da pandemia e a pressão de um ambiente de trabalho tóxico, ela sofreu um ataque de pânico que a obrigou a tirar uma licença médica. “Para mim, aquilo foi um alerta”, relatou. “Foi quando descobri o estudo POINTER e minha vida mudou completamente.”
Hoje, aos 66 anos, Jones afirma que as mudanças promovidas durante o estudo foram transformadoras. “O que conquistei durante o estudo foi fenomenal — sou uma nova pessoa”, contou. O programa fez parte de um amplo ensaio clínico que buscava entender como mudanças no estilo de vida podem ajudar a preservar a função cognitiva em adultos mais velhos.
O estudo, intitulado US POINTER (Protect Brain Health Through Lifestyle Intervention to Reduce Risk), é o maior ensaio clínico randomizado dos Estados Unidos com esse objetivo. A pesquisa é coordenada por cientistas da Escola de Medicina da Wake Forest University, na Carolina do Norte, e investigou intervenções não farmacológicas para prevenção de doenças cognitivas.
A investigadora principal, Laura Baker, professora de gerontologia, geriatria e medicina interna, explica que os voluntários tinham entre 60 e 79 anos e eram considerados sedentários no início do estudo. “Eram pessoas cognitivamente saudáveis, mas com alto risco de desenvolver demência devido a condições como pré-diabetes e pressão arterial limítrofe”, afirmou.
Durante dois anos, os participantes foram divididos em dois grupos. Um deles recebeu orientações básicas sobre hábitos saudáveis. O outro foi submetido a um plano intensivo que envolvia atividade física supervisionada, orientação nutricional, estímulo à socialização e exercícios para a mente. O objetivo era observar se essas mudanças poderiam ter impacto direto sobre a saúde cerebral.
Embora os resultados completos ainda estejam em fase de análise, os relatos de participantes como Phyllis indicam benefícios significativos. Melhoras no humor, na disposição física e na qualidade do sono foram relatadas por grande parte dos envolvidos. “Sinto que tenho controle da minha vida de novo. Voltei a fazer planos, algo que não acontecia há muito tempo”, disse Jones.
O estudo é inspirado em uma pesquisa semelhante realizada na Finlândia, chamada FINGER, que já demonstrou redução do risco de declínio cognitivo com mudanças no estilo de vida. A versão americana busca adaptar essa abordagem à realidade dos Estados Unidos, levando em conta fatores sociais, culturais e econômicos da população local.
Com o envelhecimento da população mundial, iniciativas como o US POINTER ganham importância. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com demência deve triplicar até 2050, passando de 55 para 152 milhões. A busca por estratégias de prevenção eficazes é, portanto, uma prioridade para a saúde pública.
Os cientistas esperam que os resultados finais do estudo possam embasar políticas públicas e orientar programas de saúde voltados à população idosa. Para participantes como Phyllis Jones, no entanto, os ganhos já são concretos. “Não se trata apenas de evitar a demência. Trata-se de viver melhor, com mais clareza, energia e alegria.”
No Ar: Pampa Na Madrugada