Sábado, 20 de Abril de 2024

Home em foco Europa passa a investir forte nos técnicos especialistas em bola parada

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Traçar estratégias eficientes na bola parada tem virado assunto sério na Europa, onde muitos clubes nos últimos anos vêm apostando em técnicos especialistas no assunto. A estratégia é montada após um grande levantamento de dados e um extenso estudo do próprio elenco e também sobre o adversário. A especialização de funções na comissão técnica de times de futebol não é nova, desde a inserção de preparadores de goleiro até dos analistas de desempenho.

A última janela de transferências foi movimentada no futebol inglês não só envolvendo contratações de jogadores, mas também de treinadores específicos de bola parada. Na Inglaterra, o Arsenal tirou Nicolas Jover, do Manchester City, enquanto o Manchester United inaugurou a vaga com o jovem Eric Ramsey, de apenas 29 anos.

“O futebol é muito conservador, mas essa é uma tendência natural. É uma ferramenta que pode dar três, quatro pontos ao fim de uma competição e isso pode fazer a diferença para definir um título ou um rebaixamento de um time”, analisa Eduardo Dias, CEO do Footure, empresa de scouting e que também presta análise de desempenho para times e jogadores.

Na última Copa do Mundo, 42% dos gols saíram desse jeito. A seleção brasileira foi eliminada pela Bélgica por 2 a 1, sendo um dos gols em cobrança de escanteio. Além de 2018, a bola parada tem sido um problema recorrente para o Brasil em Mundiais anteriores, quando caiu para Alemanha (2014), Holanda (2010) e França (2006), com gols de escanteios e cobranças de falta.

A Itália foi a campeã do torneio com um especialista em bola parada e um das maiores referências da área: Gianni Vio. Dos 13 gols marcados pelos italianos na competição, apenas dois saíram assim, mas um deles foi o de empate contra a Inglaterra justamente na final da competição. Vio é um ex-banqueiro que atuou como assistente técnico em times menores nas horas vagas. São mais de 20 anos pesquisando e analisando escanteios, cobranças de falta e até laterais. Quando realizou o curso para ser treinador, escreveu a tese “Bola parada: o atacante de 15 gols”.

O livro que escreveu sobre bola parada, intitulado Aqueles 30% Extra, atraiu a atenção do ex-goleiro italiano Walter Zenga, que convidou Vio para integrar sua comissão técnica no Catania em 2008, quando a equipe lutava contra o rebaixamento no Campeonato Italiano. Em seu primeiro jogo, diante do Napoli, na vitória por 3 a 0, um gol saiu de cobrança de falta e outro de escanteio. Eram jogadas ensaiadas. No fim do torneio, foram 17 dos 44 gols em bola parada – quase 40%. O time conseguiu permanecer na primeira divisão.

Vio também passou por Fiorentina e Milan, também da Itália, além dos ingleses Brentford e Leeds. No ano passado, recebeu uma ligação do técnico da seleção italiana, Roberto Mancini, para fazer parte da comissão técnica nacional. O convite foi logo aceito e a parceria rendeu o título europeu neste ano.

Vio conta com um arsenal de mais de quatro mil variações de jogadas de bola parada. Cada estratégia é adaptada aos pontos fortes de cada jogador. “Você precisa analisar os atletas que possui e encontrar soluções sob medida para suas habilidades”, disse ao jornal La Nuova di Venezia.

Rogério Ceni

No ano passado, Vio ajudou o técnico Rogério Ceni, à época no comando do Fortaleza, para melhorar o desempenho da equipe no quesito. Assistente de Ceni, o francês Charles Hembert usou dos seus contatos no futebol europeu para falar com o italiano. Tanto a comissão técnica de Ceni quanto Vio trocaram arquivos de vídeos, dados e análises para corrigir erros e aprimorar acertos da bola parada do time cearense. Também no ano passado, o então técnico do Flamengo, Domènec Torrent, contava com o auxiliar Jordi Guerrero, especialista na função, mas o futebol brasileiro ainda não abraçou a nova tendência.

“A bola parada é uma fronteira pouco explorada no futebol, especialmente, no Brasil. São várias resistências culturais. Tem muita margem de melhora nos clubes brasileiros nesse aspecto. O jogo mudou para o que foi no passado. Hoje, você tem aspectos que dificultam mais: há goleiros maiores e mais ágeis que antigamente, tem times que colocam jogador deitado atrás da barreira”, analisa Dias.

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