Domingo, 25 de Maio de 2025

Home Brasil Evento que projeta Tarcísio à Presidência da República irrita bolsonaristas e sofre boicote

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Marcada por discurso de tom nacional do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a filiação do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, ao PP, na noite desta quinta-feira (22), gerou incômodo entre aliados próximos de Jair Bolsonaro (PL).

Para esse grupo, o ato reforçou a projeção presidencial de Tarcísio, impulsionada por líderes de partidos de centro-direita que já teriam desistido de lutar pela restituição dos direitos políticos do ex-presidente, que está inelegível até 2030 por duas condenações da Justiça Eleitoral.

No evento, Derrite foi explícito ao se colocar como candidato ao Senado, justificando que esse é o motivo de seu retorno à legenda —da qual havia saído em 2022. Já Tarcísio, que se coloca à reeleição em São Paulo mas é apontado como presidenciável, disse que o grupo de dirigentes partidários que os acompanhava estava unido e que “quer fazer a diferença”.

“Uma coisa que é importante, que não pode passar despercebida, é o simbolismo desta reunião aqui. É a quantidade de lideranças que nós temos aqui, do Brasil inteiro. Para quem duvida que esse grupo vai estar unido no ano que vem, eu digo para vocês: esse grupo estará unido”, afirmou o governador.

“No momento em que há dúvida, no momento em que tem muita gente lá em Brasília perdida, que não sabe o caminho, e em que as decisões são tomadas de forma casuística, às vezes até de forma irresponsável, tem o grupo aqui que está unido, que sabe o caminho, que quer fazer a diferença.”

O grupo citado por Tarcísio era composto por presidentes nacionais de partidos que estavam com ele no palco: Valdemar Costa Neto (PL), Renata Abreu (Podemos), Gilberto Kassab (PSD), Antonio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP).

Chamou a atenção, contudo, a ausência de parlamentares bolsonaristas entre os convidados para a cerimônia, realizada em uma casa noturna da Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. O local, com capacidade para mil pessoas, estava lotado. De acordo com assessores do PP, mais de 80 prefeitos estavam no local –o partido comanda 47 prefeituras em São Paulo.

O boicote foi deliberado, motivado pela expectativa de que o evento servisse como palanque para Tarcísio. Parte da bancada bolsonarista nem chegou a ser convidada, após sinalizações de que desaprovaria o tom político da celebração.

Integrantes do grupo criticaram o fato de nem Tarcísio nem Derrite terem defendido a anistia aos presos pelo 8 de Janeiro ou criticado a inelegibilidade de Bolsonaro. O governador deve testemunhar em defesa do ex-presidente no processo em que é acusado de liderar uma tentativa de golpe, em análise no STF (Supremo Tribunal Federal).

Um aliado próximo de Bolsonaro afirma que o ex-presidente não decidiu quem será seu indicado caso se mantenha inelegível, mas que a aposta é que será ou Eduardo ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Há duas semanas, o mesmo grupo já havia demonstrado insatisfação com a articulação do ex-presidente Michel Temer (MDB) para formar uma frente de governadores de centro-direita, sem Bolsonaro, com vistas a 2026.

Na ocasião, Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, publicou em rede social que eleição “é voto” e que os votos estão com o ex-presidente.

Durante seu discurso desta quinta, Derrite afirmou que São Paulo tem “a possibilidade real de eleger dois senadores conservadores” e apresentou sua plataforma, que prevê mudanças na legislação penal como forma de combate ao crime, responsabilidade que atribuiu ao Congresso Nacional.

Para bolsonaristas, porém, embora Derrite tenha se lançado ao Senado, o peso político do evento, marcado pela presença de cinco presidentes de partido, deu à cerimônia ares de pré-lançamento ao governo, caso Tarcísio dispute a Presidência.

Ciro Nogueira, ao falar com jornalistas na chegada, não descartou a possibilidade, dizendo que, sem Tarcísio, a legenda defenderia a indicação do secretário. “Aí, o Derrite deve ser candidato ao governo. Nós vamos defender isso, mas é lógico que é uma construção”, afirmou.

Tanto Ciro quanto o presidente Valdemar, do PL, mantiveram aberta a possibilidade de Tarcísio concorrer à Presidência.

“Os governadores de São Paulo sempre erram ao serem eleitos: querem logo disputar a Presidência e se colocam como candidatos”, disse Ciro, para completar: “E é por isso que talvez o Brasil vá chamar o governador Tarcísio de presidente muito em breve. Ou agora ou em 2030. E quem vai decidir isso é o povo de São Paulo e o povo do Brasil. Mas pode ter toda a certeza: se houver essa decisão, governador, tanto o União Brasil quanto o Progressistas estarão ao seu lado.”

Já Valdemar afirmou que também aguarda uma definição sobre a situação eleitoral de Tarcísio. “Nós temos que ver o que o Tarcísio vai resolver para que a gente possa resolver a nossa vida.” Mas o presidente do PL destacou que “quem vai dizer quem será o candidato a presidente é o Bolsonaro. Por quê? Porque ele é o dono dos votos”. As informações são da Folha de São Paulo.

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