Sexta-feira, 28 de Novembro de 2025

Home Rio Grande do Sul Faixa de lama interdita trecho da praia do Cassino e intriga cientistas

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O surgimento de uma faixa de lama de cerca de 2 km no litoral de Rio Grande levou à interdição de um trecho da beira da praia do Cassino, a maior em extensão do Brasil.

O sedimento ocupa uma pequena parte dos 254 km de faixa de areia contínua da praia e começou a se acumular no local no dia 20 de novembro. O fenômeno, que já ocorreu em outros anos, ainda tem origem desconhecida.

“Vêm sendo feitos vários estudos e ainda a gente não chegou a uma resposta”, disse a professora Elaine Goulart, do Instituto de Oceanografia da Furg (Universidade Federal de Rio Grande). “Não é uma coisa que a gente vê acontecendo em outras praias do estado, e nem em outras praias do Brasil.”

Há duas teorias que prevalecem entre pesquisadores. Uma é que a lama seja oriunda da Lagoa dos Patos, a maior laguna da América do Sul, que deságua a poucos quilômetros do local interditado.

A outra é uma possível relação com as atividades de dragagem no porto de Rio Grande, um dos mais movimentados do Brasil, por onde passaram 24,2 milhões de toneladas de carga entre janeiro e julho deste ano.

“Nenhuma das hipóteses foi ainda completamente comprovada”, disse Elaine. “Pode ser até que tenha contribuição dos dois fatores, mas a gente não sabe.”

A prefeitura de Rio Grande colocou marachas, muros de areia para isolar a lama, e a expectativa é que o sedimento retorne ao mar nas próximas semanas com o fluxo das ondas.

Procurada, a Portos RS, entidade estadual responsável por realizar dragagens no local, disse que o fenômeno tem origem “ambiental e hidrodinâmica” e negou relação com a operação em andamento, que tem como objetivo restabelecer o calado do porto para 15 metros.

O porto e o canal de acesso tiveram a profundidade alterada pelos detritos trazidos pelas enchentes de maio de 2024. A previsão é que cerca de 15 milhões de metros cúbicos de sedimentos sejam retirados do local.

“A autoridade portuária mantém um programa contínuo de monitoramento, que permite acompanhar em detalhes o comportamento do bolsão de lama, da área de despejo de sedimentos e das condições operacionais das dragas, garantindo total conformidade ambiental”, comentou o órgão em nota.

O caso atual não é tão grande quanto outros registros nos últimos anos. Em 2014, cerca de 7 km da faixa de areia foram cobertos por lama. Um dos maiores incidentes ocorreu em 1998, quando a área afetada chegou a quase 14 km e foi preciso o uso de tratores para a remoção.

A professora da Furg disse que o acúmulo de lama causa um impacto na fauna local, especialmente em crustáceos como caranguejos e bentos, que vivem no solo. “Eles não estão acostumados a viver na lama. Muitos deles são filtradores, que tiram o seu alimento da água, e estão enterrados na areia”, afirma.

Dúvidas sobre a origem da lama existem desde antes da inauguração do atual porto do Rio Grande, em 1915.

Segundo Elaine, o primeiro registro de lama no litoral riograndino é de 1901, e a suspeita de origem natural da lama foi predominante durante quase todo o século 20.

Entretanto, a hipótese de relação com a dragagem tomou força com a expansão das atividades portuárias nos últimos 30 anos.

Segundo a Portos RS, acompanhamentos mensais apontam que formações de lama na praia estão diretamente relacionadas às alterações na vazão da Lagoa dos Patos, que estão sujeitas ao regime de chuvas em toda a bacia de drenagem.

Ainda segundo o órgão, outro acompanhamento trimestral mostra a estabilidade do sítio de despejo de uma dragagem feita entre 2018 e 2020, que aumentou o calado do porto de 12,8 metros para 15 metros. O ponto de descarte fica a aproximadamente 23 km da beira da praia. (Com informações do jornal Folha de S.Paulo)

 

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