Terça-feira, 11 de Fevereiro de 2025

Home Economia “Fizemos uma subida de juros muito grande em ano de eleição com muitos questionamentos e agimos de forma autônoma”, diz o presidente do Banco Central do Brasil

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“O presidente [da República] tem direito de entrar no debate de taxas de juros e está acontecendo em vários países”, afirmou o presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, em resposta a questionamento sobre as críticas que a instituição vem sofrendo por parte do governo.

“Confesso que depois de ter subido os juros da forma como foi feito, para assegurar um processo inflacionário mais tranquilo e da mais estabilidade à economia no próximo mandato [presidencial], imaginei que isso fosse reconhecido”, pontuou durante evento promovido pelo jornal Folha de S.Paulo.

Conforme o dirigente do BCB, “fizemos uma subida de juros muito grande em ano de eleição com muitos questionamentos e agimos de forma autônoma”.

Campos Neto fez uma crítica “à personalização na figura do presidente do BC”. Para o dirigente, “a autonomia vai na direção contrária e os diretores do BC têm autonomia em relação ao presidente do BC”. “A personificação demonstra uma falta de entendimento do processo que foi instalado”, disse. O presidente do BC tem sido alvo de críticas diretas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao nível da Selic (taxa básica de juros).

Ele também observou que “quem decide a meta de inflação é o governo”. “Seria muito conflituoso se o BC determinasse a própria meta”, afirmou.

“Teve um momento em que vários senadores ligaram perguntando se eu apoiaria um projeto que dizia que a meta só podia mudar com autorização do BC, mas eu disse que não apoiaria um projeto assim”, salientou.

Para Campos Neto, “o Executivo foi eleito e tem direto de mudar a meta de inflação que achar melhor para o país”.

O presidente do BC, no entanto, fez uma ressalva sobre o momento de fazer esse tipo de movimento. “Mudar a meta quando está tendo muito questionamento tem fator negativo. Mudança de meta pode ser interpretada pelos agentes financeiros como uma mudança para ganhar flexibilidade. Quando a mudança de meta na Argentina foi feita para ganhar flexibilidade, perdeu-se credibilidade e flexibilidade e a inflação disparou.”

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