Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de dezembro de 2024
O governo brasileiro determinou a retirada de todo o corpo diplomático da embaixada em Damasco, na Síria. A operação foi uma tentativa de proteger funcionários após consulados de outros países na capital síria serem atacados no final de semana. A saída contou com o apoio de comboios da ONU. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a retirada inclui apenas os servidores brasileiros e seus familiares. Todos eles foram para Beirute, no Líbano.
A embaixada brasileira permanecerá aberta. De Beirute, os diplomatas prestarão assistência consular e monitorarão a situação até que se estabilize. O governo avalia que, assim que o governo transitório assumir a responsabilidade pela situação na Síria e a ordem e a segurança forem restabelecidas em Damasco, o embaixador André Luiz Azevedo dos Santos deverá retornar do Líbano para a capital síria.
Neste domingo (8), rebeldes sírios anunciaram a captura de Damasco e a queda do governo de Bashar al-Assad. As embaixadas da Itália e de Cuba registraram incidentes com rebeldes durante o episódio. O Itamaraty também orientou que brasileiros deixem o país “até o retorno à normalidade”.
“O governo brasileiro acompanha, com preocupação, a escalada de hostilidades na Síria. Exorta todas as partes envolvidas a exercerem máxima contenção e a assegurarem a integridade da população e da infraestrutura civis”, diz nota.
Atualmente, cerca de 3.500 brasileiros vivem na Síria. Em sua grande maioria, são filhos de brasileiros nascidos no país. Até agora, segundo o Itamaraty, não houve registro de cidadãos brasileiros entre as vítimas do conflito.
Um dia após a queda do ditador Bashar al-Assad e da tomada de Damasco, as forças rebeldes que derrubaram o governo começaram a tentar restabelecer o senso de normalidade nesta segunda-feira, em meio às desconfianças da comunidade internacional sobre a estabilização política do país. Países como Israel e EUA confirmaram ter lançado ataques contra o território sírio desde domingo, alegando que o vácuo de poder pelo fim da ditadura síria trazia novos riscos para a região. Explosões puderam ser ouvidas na capital, segundo repórteres no local.
A quantidade de grupos armados que surgiram ao longo de 13 anos de guerra civil na Síria, muitos deles unidos pelo único objetivo de derrubar Assad do poder, é motivo de preocupação por parte de vários países. Teme-se que, em vez de uma transição de poder ordenada, forças com interesses opostos entrem em rota de colisão para garantir uma fatia maior de influência — sobretudo em um país em que ainda há atividade de grupos terroristas internacionais.
Foi esse pretexto que os EUA utilizaram para bombardear, no domingo, 75 alvos ligados ao Estado Islâmico na Síria. O temor americano é que a mudança de forças impulsione o ressurgimento do grupo terrorista, que na metade da década passada internacionalizou suas ações, patrocinando atos de terrorismo ao redor do mundo.
Por enquanto, o líder do principal grupo na ofensiva que derrubou Assad, o Hayet Tahrir al-Sham, tem equilibrado um discurso moderado, prometendo respeito à diversidade étnica no país e o fim do sectarismo. Também afirmou que as instituições devem ser preservadas, indicando que haveria um governo com participação popular.
No Ar: Pampa Na Madrugada