Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Home Brasil Governo de Bolsonaro quer novas usinas movidas a carvão, mas BNDES nega financiamento por causa da poluição ambiental

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A intenção do governo do presidente Jair Bolsonaro de renovar a infraestrutura nacional de usinas térmicas movidas a carvão prevê um investimento de R$ 20 bilhões nesse tipo de operação pelos próximos dez anos. O plano esbarra, porém, na dificuldade de se obter apoio financeiro para modelos energéticos que não contribuam para reduzir a poluição no planeta.

Principal instituição estatal de fomento no Brasil, inclusive no setor elétrico, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está fora dessa aposta. E até segunda ordem, não pretende colocar nenhum centavo em projetos baseados em carvão, reconhecidamente agravantes da situação climática por conta dos gases do efeito-estufa.

Questionado pelo jornal “O Estado de São Paulo”, o comando da instituição rechaçou qualquer possibilidade de financiar as operações anunciadas em agosto pelo Ministério de Minas e Energia.

O argumento é de que o BNDES tem uma visão estratégica que leva em consideração o desenvolvimento sustentável e de longo prazo no País e no mundo, “com uma visão alinhada aos esforços para construir uma matriz energética diversificada e limpa”.

A última usina a carvão mineral financiada pelo banco recebeu recursos em 2015. No ano seguinte, o banco resolveu vetar repasses para esse tipo de projeto. Neste ano, o posicionamento foi formalmente definido pela diretoria do banco, para apostar em projetos menos poluentes de geração de energia.

Nos últimos cinco anos, a instituição firmou contratos de R$ 27 bilhões em financiamentos a projetos de geração com fontes hídricas, solares, eólicas e de biomassa. Outros 12 projetos de térmicas a gás receberam R$ 7,7 bilhões no mesmo período.

“Nossa visão de desenvolvimento do setor de energia está alinhada com diversos bancos comerciais e de desenvolvimento, que também não financiam mais ou estão reduzindo seu apoio a projetos envolvendo carvão mineral, movidos pelo mesmo senso de urgência de privilégio a soluções limpas de geração de energia que ajudem a humanidade a mitigar os efeitos do aquecimento global”, informou o banco, onde o assunto é dado como encerrado.

Região Sul

Sem o repasse do BNDES, a renovação ou ampliação do atual parque de usinas a carvão ficará mais difícil. Hoje, 100% dessa estrutura está limitada a sete usinas (uma no Paraná, duas no Rio Grande do Sul e quatro em Santa Catarina). Juntas, essas usinas somam uma capacidade instalada de 1.572 megawatts médios, energia suficiente para abastecer boa parte da Região Sul.

A concentração dos projetos nessa região não é casual: 99,97% do carvão mineral do Brasil está localizado nos Estados do Sul, sendo 89,27% das reservas no Rio Grande do Sul, 10,38% em Santa Catarina e 0,32% no Paraná.

O desafio que se impõe é saber como o Brasil vai cumprir suas metas de redução do aquecimento global (causado essencialmente pelas emissões de gases de efeito estufa) e se pretende renovar e investir no parque atual.

Por outro lado, impõem-se medidas sociais e econômicas para amparar milhares de famílias que vivem da cadeia do carvão mineral, um setor que movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano.

“O que deve ser feito, no caso dos trabalhadores da Região Sul, é uma transição justa, atendendo à demanda de energia e substituindo os empregos perdidos”, ressalta Ricardo Baitelo, coordenador de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema). Ele acrescenta:

“Um exemplo de fonte energética capaz de apoiar o desenvolvimento econômico e social é a energia solar. Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina são, respectivamente, o terceiro, quinto e nono no ranking de geração distribuída no Brasil e essa atividade pode ser amplificada com políticas públicas e linhas de financiamento”.

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