Quarta-feira, 08 de Maio de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 14 de novembro de 2021
O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), órgão do Ministério da Justiça, vai acirrar o monitoramento de publicidade relacionada à venda de produtos e serviços com a tecnologia 5G durante a Black Friday.
O DPDC já tem processos administrativos abertos para apurar se campanhas publicitárias veiculadas pelas operadoras TIM, Claro, Oi e Vivo sobre 5G induziam o consumidor a erro. Ou seja, se podem ser enquadradas como propaganda enganosa, visto que a tecnologia, como previu o leilão, só estará disponível em julho de 2022.
“Certamente, se o dever de informação clara e fidedigna ao consumidor for desrespeitado, haverá atuação”, avisa Lilian Brandão, diretora do DPDC.
André Gildin, diretor da RKKG Consulting, avalia que, por uma questão de marketing, algumas operadoras podem antecipar o lançamento do 5G em algumas capitais. No entanto, ele faz um alerta: “Via de regra, as operadoras vão cumprir à risca o cronograma do leilão. Isso quer dizer que o 5G só deve chegar as capitais brasileiras em meados do ano que vem”, afirma Gildin.
O que conhecemos por 5G atualmente é muito diferente do que a que estar por vir, ressalta o especialista: “O que há disponível hoje é 5G DSS, que até pode ter esse nome porque é dez vezes mais rápido que o 4G. Mas a tecnologia de fato 5G tem velocidade cem vezes maior.
O especialista ressalta que, para usufruir da nova tecnologia será preciso trocar equipamentos, sejam os celulares ou os eletrodomésticos, que, com o 5G, poderão ser programados e acionados a distância. Para ele, este não é o melhor momento para a troca.
“Quando houve a transformação do 3G para 4G , as empresas ofereceram incentivo para a troca de celular. É possível que isso aconteça novamente”, afirma Gildin, lembrando que a implementação total do 5G será em 2028.
Sem 4G
Ao se mudar de um bairro para outro, em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, a auxiliar de serviços Caroline Pomin teve prejudicada uma parte importante da dinâmica familiar: a comunicação. Ela não encontrou no novo endereço o sinal de celular e a internet móvel que tinha no antigo. Desde que se mudou, há um ano, não vê o símbolo do 4G no celular.
“Não pega nenhum sinal dentro de casa nem no trabalho. Eu preciso ir para a rua para conseguir falar com meus filhos no telefone”, conta.
8,7 milhões de brasileiros como Caroline vivem numa espécie de apagão de 4G, a tecnologia anterior à quinta geração de telefonia, que promete maior velocidade de transmissão de dados e está atrasada no País.
Dados da Anatel anexados ao edital do 5G indicam que os excluídos digitais estão em 9.748 localidades que podem ser consideradas pontos cegos para o 4G.
A maior parte dessas áreas está em 416 cidades com menos de 30 mil habitantes, mas a lista também tem localidades mais populosas, em cidades médias, como Petrópolis (RJ), Uberaba (MG) e Vitória da Conquista (BA), e até em grandes centros, como São Paulo (SP).
São áreas que não foram contempladas com investimentos obrigatórios no leilão do 4G, em 2014. O compromisso de universalizar o acesso só foi incluído agora pela Anatel, no edital do leilão do 5G.
Empresas que vencerem o leilão deverão levar ao menos a cobertura 4G a essas áreas e alcançar a universalização do 5G até 2028, dependendo da região.
Onde o 4G não passa de uma miragem, há uma realidade que impacta o cotidiano de moradores e empreendedores, principalmente em tempos de pandemia, quando muitos estudantes tiveram aulas on-line, profissionais adotaram o home office e estabelecimentos investiram em serviços de entrega.
Em Petrópolis, cerca de um terço da população de 300 mil habitantes tem acesso comprometido ao 4G, segundo os dados da Anatel.
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