Terça-feira, 11 de Fevereiro de 2025

Home em foco Guerra e clima de incerteza no foco do Fórum de Davos

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O Fórum Econômico Mundial ocorrerá de forma presencial deste domingo (22) até quinta-feira (26) em Davos, nos Alpes suíços, marcado pela guerra na Ucrânia, que provoca uma reviravolta nas cartas geopolíticas e aprofunda temores de uma recessão mundial.

O clima de incerteza e imprevisibilidade atual deve pesar no evento, que foi
cancelado em 2021 por causa da pandemia de covid. Davos volta com agenda “para enfrentar os desafios atuais deste período de polarização exacerbada”, segundo sua organização.

Mais de 50 chefes de Estado e de governo estarão entre os 300 representantes
governamentais que compartilharão sua visão para o mundo com mais de 1.250 líderes do setor privado. Sem surpresa, a Rússia foi excluída. A China decidiu não enviar uma delegação por enfrentar um surto de covid.

Davos é local para discussões, construção de redes de relacionamento, onde os
CEOs de empresas pagam dezenas de milhares de dólares para estar presentes. Às vezes, discretas negociações entre atores importantes podem levar a entendimentos mais tarde, fora dali.

A guerra na Ucrânia e a maior crise de segurança da Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial ocuparão boa parte da agenda. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky falará por vídeo. O diretor-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar ocidental), Jens Stoltenberg, também participará.

Pode ficar claro em Davos a divergência entre os EUA e a Europa sobre os rumos da guerra na Ucrânia. A França e a Alemanha parecem priorizar uma paz negociada o mais rápido possível, e começam a criticar o belicismo americano. Já para Washington trata-se de uma luta existencial entre a Rússia e o chamado mundo livre, e pressiona os aliados a fornecer mais dinheiro e armas para os ucranianos.

Um temor em círculos na Europa é da guerra na Ucrânia se tornar um “conflito congelado”, ou seja, um impasse prolongado e que a diplomacia não consegue resolver. Para o especialista suíço François Nordmann, um perigo é se o impasse continuar até 21 de janeiro de 2025, data da próxima posse do presidente dos EUA. O retorno de Donald Trump – ou de um aliado – à Casa Branca teria graves consequências sobre a guerra, o apoio à Ucrânia e o engajamento europeu.

“Bem-vindos ao desconhecido”, diz um analista, comentando o cenário para os
participantes de Davos. As turbulências nos mercados financeiros nos últimos dias ilustram o temor de recessão.

Conforme diferentes estimativas de organizações internacionais, projeta-se que a economia global deve crescer 3,6% neste ano, cerca de 1 ponto percentual a menos em relação a antes da guerra. Isso significa perda de receita de quase US$ 1 trilhão neste ano, considerando o PIB mundial de US$ 94 trilhões em 2021. Mas os estragos podem ser bem maiores.

A explosão nos preços de energia e de alimentos estão deprimindo os gastos e a produção econômica global, no que a secretária de Tesouro dos EUA, Janet Yellen, chama de efeitos estagflacionários. Além da guerra, os lockdowns na China para conter o surto de covid agravam os problemas nas cadeias globais de abastecimento.

Um desafio das autoridades em diferentes regiões do mundo é conseguir conter a inflação sem criar uma recessão. Para Olivier Blanchard, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), dependendo das decisões, pode-se tanto esperar uma convergência de tensões inflacionárias, como o inverso, ou seja, um súbito desmoronamento de preços, se houver uma recessão ao mesmo tempo nos EUA, Europa e China.

Com custos mais altos e problemas de abastecimento, as empresas vão precisar repensar fundamentalmente sua presença internacional e sobretudo seus investimentos, diz Stéphane Garelli, professor do IMD de Lausanne, uma das melhores escolas de administração do mundo. “O tempo em que se fazia tudo, e tudo sozinho, talvez acabou. O tempo de parceria está vindo. Mas com quem?”

Além da crise de alimentos, a inflação e a dívida global em alta, Davos debaterá também outros desafios como mudança climática, epidemias, penúria de talentos.

O Brasil estará presente em Davos com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Saúde, Marcelo Queiroga. Diretores do Bradesco, Itaú, Nubank, Vale e JBS também estarão entre os participantes.

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