Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Home em foco Guerra na Europa: no Tik Tok, um manual ensina a dirigir tanques

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Imagens mostram helicópteros russos se aproximando de Kiev, capital da Ucrânia. Segundos depois, duas das aeronaves explodem e um homem comemora em ucraniano: “Sim, abatemos duas!”. O vídeo curto, com menos de meio minuto, é só mais um dos milhares que estão sendo compartilhados no TikTok da ofensiva da Rússia contra o país do Leste Europeu.

Assim como na Primavera Árabe, no início dos anos 2010, e dos protestos no Brasil em 2013, na invasão da Ucrânia pela Rússia as redes sociais têm sido usadas para compartilhar imagens, aumentando seu alcance. Na Ucrânia, a única coisa diferente é que um dos principais meios de divulgação é o TikTok, plataforma de vídeos curtos lançada em 2016.

Segundo Christian Perrone, pesquisador sênior do Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS), a guerra na Ucrânia é um dos primeiros eventos em que a principal forma de acesso à informação é por meio de vídeos curtos. E o TikTok, mais do que outras redes sociais, facilita o compartilhamento desse tipo de conteúdo por ser voltado exclusivamente para gravações rápidas e pela plataforma já ser sua própria ferramenta de edição.

“É a máxima de que uma imagem vale mais do que mil palavras. Agora, nós temos vídeos que nos mostram o que está acontecendo. Se a gente for olhar o que aconteceu nos últimos dez anos, esse tipo de vídeo ainda não era a principal forma de relato. Na Primavera Árabe, por exemplo, embora tenhamos usado muito o Twitter e o Facebook, ainda havia muitos textos e links sendo compartilhados”, explica Perrone. “Agora, com esses vídeos curtos, a capacidade de alcance é muito maior.”

O vídeo dos helicópteros sendo abatidos, por exemplo, teve mais de 42 mil curtidas em menos de 24 horas desde que foi compartilhado. Como a plataforma também permite que as imagens sejam baixadas e publicadas em outras redes ou enviadas por aplicativos de mensagem, não é possível mensurar com exatidão quantas vezes o vídeo foi compartilhado.

Usuários da plataforma têm usado hashtags como #Ukraine, #UkraineCrisis (crise na Ucrânia) e #Invasion (invasão) — na maioria das vezes, são escritos em inglês, para ampliar o alcance, mas os tópicos também aparecem em ucraniano. Segundo dados do TikTok obtidos pela revista americana Wired, entre 20 e 28 de fevereiro, semana em que a Rússia começou a invasão, vídeos publicados com #Ukraine tiveram um salto de visualizações de 6,4 bilhões para 17,1 bilhões — isto é, 928 mil visualizações por minuto.

Viral

Visto mais de 10 milhões de vezes, um dos vídeos virais é de uma jovem que ensina como ligar e dirigir um tanque. A publicação da mecânica Nastya Tuman foi feita há apenas quatro dias e já teve quase um milhão de curtidas. Na gravação, ela entra em um tanque abandonado e mostra como fazê-lo funcionar. “Se você encontrar um veículo blindado abandonado — aprenda um truque de vida sobre como ligá-lo”, diz.

Em outros vídeos, Tuman mostra detalhes de veículos blindados e seus motores.

Outra influenciadora ucraniana, Elena Filonova, trocou as postagens que fazia mostrando seu estilo de vida para mostrar as consequências da guerra em seu país. Em um dos vídeos que publicou, ela aparece apontando para um pedaço de míssil perto de sua casa, em Kiev. Em outro, ela mostra o momento em que uma torre de TV é atingida na capital ucraniana.

“Aquele momento em que você não se importa com sua aparência, você só pensa no fim da guerra. Minha cabeça dói”, desabafa Filonova em uma de suas publicações mais recentes.

O soldado Andriy Kurilenko, que antes postava sobre seus treinos de MMA, agora compartilha o cotidiano na linha de frente da batalha. Uma de suas postagens mais recentes mostra um pouco da comida que está sendo doada às tropas ucranianas por seus compatriotas.

“Hoje vamos apoiar nossos irmãos militares com comida e doces, obrigado a todos que estão ajudando”, diz Kurilenko, em vídeo publicado na quarta-feira.

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