Domingo, 13 de Julho de 2025

Home em foco Guerra na Ucrânia: por que os planos de Putin falharam e o que a Rússia quer

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Quando o presidente russo, Vladimir Putin, enviou cerca de 200 mil soldados para a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, ele presumiu erroneamente que poderia invadir a capital, Kiev, em questão de dias e depor o governo.

Após uma série de retiradas humilhantes, seu plano inicial de invasão claramente fracassou — mas a Rússia não vê a guerra como perdida.

1) Qual era o objetivo inicial de Putin?

Até hoje, o líder russo descreve a maior invasão europeia desde o fim da Segunda Guerra Mundial como uma “operação militar especial”. E não como uma guerra em larga escala que bombardeou civis em toda a Ucrânia, levando mais de 13 milhões a cruzar a fronteira como refugiados ou a se deslocar dentro do próprio país.

Seu objetivo declarado em 24 de fevereiro de 2022 era “desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia — e não ocupá-la pela força —, dias depois de reconhecer a independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia, ocupadas por forças rebeldes apoiadas pela Rússia desde 2014.

Ele prometeu proteger a população de oito anos de intimidação e genocídio ucranianos — uma alegação da propaganda russa sem qualquer fundamento na realidade. Ele falou em impedir o avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por meio da Ucrânia, e depois acrescentou o objetivo de garantir o status neutro da Ucrânia.

2) Como Putin mudou seus objetivos de guerra?

Um mês após a invasão, suas metas de campanha foram drasticamente reduzidas depois que suas tropas bateram em retirada de Kiev e Chernihiv. O objetivo principal se tornou então a “libertação de Donbas” — que se refere amplamente a Luhansk e Donetsk, duas regiões industriais no leste da Ucrânia.

Forçada a se retirar também de Kharkiv, no nordeste, e de Kherson, no sul do país, a Rússia manteve seus objetivos inalterados, mas tem mostrado pouco sucesso em alcançá-los.

Esses reveses no campo de batalha levaram o líder russo a anexar quatro províncias ucranianas em setembro passado, sem ter controle total sob nenhuma delas: nem sob Luhansk ou Donetsk, no leste, nem sob Kherson ou Zaporizhzhia, ao sul.

Putin anunciou a primeira convocação militar da Rússia desde a Segunda Guerra Mundial, embora parcial e limitada a cerca de 300 mil reservistas.

Uma guerra de atrito está ocorrendo agora ao longo de uma linha de frente ativa de 850 km — e as vitórias russas são pequenas e raras. O que era para ser uma operação rápida, se tornou uma guerra prolongada que os líderes do Ocidente estabeleceram que a Ucrânia deve vencer. Qualquer perspectiva realista de neutralidade para a Ucrânia já não existe mais.

3) O que ele alcançou?

O maior sucesso que Putin pode reivindicar é estabelecer uma ponte terrestre ligando a fronteira da Rússia com a Crimeia, anexada ilegalmente em 2014, de modo a não depender mais da ponte sobre o Estreito de Kerch.

Ele falou da captura deste território, que inclui as cidades de Mariupol e Melitopol, como um “resultado significativo para a Rússia”. O Mar de Azov, dentro do Estreito de Kerch, “se tornou o mar interno da Rússia”, ele declarou, lembrando que nem mesmo o czar russo Pedro, o Grande, conseguiu isso.

4) Ele fracassou?

Além de tomar um corredor territorial para a Crimeia, a guerra foi um desastre para a Rússia em si e para o país em que foi desencadeada. Até agora, conseguiu pouco mais do que expor a brutalidade e a inadequação das forças armadas russas.

Enquanto cidades como Mariupol foram arrasadas, vieram à tona detalhes de crimes de guerra cometidos contra civis em Bucha, perto de Kiev. As denúncias levaram a um relatório independente que acusa a própria Rússia de incitação ao genocídio orquestrada pelo Estado.

Ocidente

As sementes desta guerra foram plantadas em 2013, quando Moscou convenceu o então líder pró-Rússia da Ucrânia a cancelar um pacto planejado com a União Europeia, provocando protestos que acabaram por derrubá-lo e levaram a Rússia a tomar a Crimeia e preparar a apropriação de terras no leste.

Quatro meses após a invasão da Rússia em 2022, a União Europeia concedeu à Ucrânia o status de candidata – e Kiev está pressionando para o país ser aceito o mais rápido possível.

O líder russo de longa data também estava desesperado para impedir que a Ucrânia entrasse na órbita da Otan, mas sua tentativa de culpar a aliança militar do Ocidente pela guerra é falsa.

A Ucrânia não apenas concordou antes da guerra com um acordo provisório com a Rússia para ficar fora da Otan, como o presidente Zelensky se ofereceu, em março, para manter a Ucrânia como um Estado não-alinhado e não-nuclear: “É uma verdade e precisa ser reconhecida.”

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