Domingo, 19 de Maio de 2024

Home em foco Hacker afirma que equipe de Bolsonaro propôs forjar a invasão de uma urna eletrônica um mês antes da eleição

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A CPMI dos Atos Extremistas ouviu o hacker Walter Delgatti, que foi preso por ter invadido o sistema da Justiça. Ele fez acusações a Jair Bolsonaro. Disse que o então presidente promoveu ações para divulgar informações falsas sobre as urnas eletrônicas. Delgatti não apresentou provas.

Walter Delgatti chegou à CPMI com uma liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) para ficar calado, mas afirmou que responderia às perguntas da Comissão. Ele foi convocado porque passou a ser peça-chave nas investigações sobre a tentativa de fraudar as eleições de 2022.

Em 2019, o nome dele apareceu publicamente depois que Delgatti invadiu o celular de autoridades que atuavam na Operação Lava-Jato. Voltou a ser preso em junho de 2022 por descumprir medidas cautelares – entre elas, a proibição de usar a internet.

Em depoimento à Polícia Federal, naquele momento, disse que tinha voltado a atuar na internet porque havia sido contratado para cuidar das redes sociais e do site da deputada Carla Zambelli, do PL.

Em julho, a Justiça autorizou que Delgatti respondesse ao processo em liberdade. Mas ele voltou a ser preso no início de agosto na operação da Polícia Federal que investiga a invasão de computadores do Poder Judiciário.

Delgatti afirmou à PF que, a mando de Zambelli, inseriu um falso mandado de prisão para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, no sistema do Conselho Nacional de Justiça e que recebeu R$ 40 mil da deputada e de assessores dela para tentar invadir sistemas do Judiciário.

O hacker disse ainda que em 2022 participou de uma reunião na sede do PL, a pedido de Zambelli, e que nessa reunião o marqueteiro do partido, Duda Lima, solicitou que ele produzisse um código falso para ser inserido em uma urna eletrônica emprestada. O objetivo era exibir de forma enganosa no dia 7 de setembro, um mês antes das eleições, uma propaganda de que as urnas poderiam ser violadas.

Delgatti confirmou à CPMI o que já havia revelado em depoimento à Polícia Federal: que não conseguiu invadir o TSE, mesmo após diversas tentativas, pois o código fonte da urna eletrônica não fica hospedado em um computador com acesso à internet, mas fica em um computador offline, não sendo possível o acesso externo.

Ele também falou que teve um encontro no Palácio da Alvorada com o ex-presidente Bolsonaro, quando recebeu dele um pedido para tentar fraudar as urnas eletrônicas. Do Alvorada, por ordem de Bolsonaro, teria ido diretamente para o Ministério da Defesa. Segundo Delgatti, a reunião com Jair Bolsonaro foi no dia 10 de agosto de 2022 e durou cerca de uma hora e meia. No entanto, este encontro não constou na agenda oficial do ex-presidente.

“Sobre as urnas e sobre a eleição, e sobre a lisura das urnas. E a conversa foi bem técnica, até que o presidente me disse, falou assim: ‘Olha, a parte técnica eu não entendo, então, eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa e lá, com os técnicos, você explica tudo isso’. A conversa se resumiu nisso. E também, ele pediu que eu fizesse o que o Duda havia dito sobre o dia 7 de setembro”, disse Delgatti à CPMI.
O hacker afirmou que esteve cinco vezes no Ministério da Defesa; que se encontrou, inclusive, com o então ministro Paulo Sérgio Nogueira; e afirmou que o relatório do ministério sobre as urnas eletrônicas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral no dia 9 de novembro de 2022 foi feito a partir de orientações dadas por ele.

“Eu posso dizer hoje que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse, não tem nada menos e nada mais”, afirmou o hacker.

Os questionamentos apresentados no relatório do Ministério da Defesa contrariam frontalmente as conclusões das demais entidades fiscalizadoras, como o Tribunal de Contas da União e a Ordem dos Advogados do Brasil, que atestaram que o processo eleitoral é seguro e imune a qualquer vício. A integridade do processo eleitoral brasileiro também foi atestada por inúmeros observadores internacionais.

Diante das declarações, a relatora da CPMI, Eliziane Gama, do PSD, classificou o depoimento como bombástico.

“Presidente, eu quero finalizar e dizer que o depoimento de hoje é um depoimento muito importante para os trabalhos desta CPMI. Bombástico, como o senhor coloca. As informações que são trazidas a esta comissão são informações absolutamente sérias e são informações que estão em torno do ponto central desta CPMI, que é exatamente o questionamento do resultado eleitoral, a tentativa de emplacar uma vulnerabilidade e a busca de pessoas que já tinham histórico em relação à invasão, para que legitimasse, claramente, uma narrativa que é incompatível com a realidade em relação ao processo da segurança eleitoral”, disse Eliziane Gama.

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