Segunda-feira, 29 de Abril de 2024

Home em foco Inflação na Argentina chega a 276% em 12 meses, e governo libera importação para conter preços

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A inflação ao consumidor na Argentina continuou subindo em fevereiro e chegou a 276,2% em 12 meses, o índice mais alto desde maior de 1991, informou na terça-feira o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Em janeiro, a alta de preços na base anual tinha sido de 254,2%.

Mesmo assim, o governo do presidente Javier Milei festejou o índice mensal mais baixo em fevereiro — de 13,2% —, do que o de janeiro, que foi de 20,6%. Para a maior parte dos analistas argentinos, porém, o índice de março deve ser maior, levando-se em conta dois fatores sazonais importantes: fevereiro, mês mais curto do ano, historicamente apresenta inflações mais baixas, enquanto índices de março sofrem mais com impactos de aumento do preço de material e das mensalidades escolares.

“Março costuma ser um mês bastante complicado em termos de inflação”, diz Nicolás Alonzo, analista da consultoria Orlando J. Ferrerés & Asociados. “Em geral, há aumento de muitos preços controlados, sazonalidade desfavorável, enfim, muitas coisas contrárias”, afirma.

“Consideramos que em fevereiro a inflação ficou dentro do esperado, talvez até um pouco melhor. Prevíamos uma taxa de 14,6% apenas para a Grande Buenos Aires, que acabou sendo de 15%. No entanto, março já começa bastante mal: na primeira semana, a inflação geral foi de 6,5%, e o núcleo da inflação foi de 3,6%. Em fevereiro, começamos com o núcleo da inflação na primeira semana em 2,2%”, afirma Alonzo.

Logo após o anúncio do dado do Indec, porém, Milei não poupou elogios a si mesmo e a sua equipe. “Esse é o resultado do trabalho do governo nacional para impor uma forte disciplina fiscal”, afirmou. “Estamos verdadeiramente muito satisfeitos com as nossas conquistas. Ninguém esperava que alcançássemos um processo de desinflação que estamos vendo tão rápido”, disse. Milei, no entanto, admitiu que ainda há muito a fazer. ”Entendemos que os números seguem assustadoramente alto”, afirmou.

Apresentar resultados, mesmo modestos, na contenção da inflação é fundamental para que Milei mantenha apoio da população — diante do desgaste causado pelo fim de subsídios às tarifas públicas e de transporte, à correção de salários e aposentadorias abaixo da alta de preços e ao aumento da pobreza, que chegou a 57% em janeiro, segundo estudo da Universidade Católica.

“Controlar a inflação é essencial para o futuro dos planos do governo, inclusive para o sucesso da oferta de troca de títulos da dívida que a equipe econômica está promovendo”, disse Dante Moreno, analista da consultoria EPyCA, referindo-se ao leilão de títulos destinado a substituir bônus que vencem este ano por papéis com vencimentos entre 2025 e 2028. Esta operação, a maior troca de títulos da história do país, deve movimentar o equivalente a US$ 65 bilhões.

“Se não conseguir controlar a inflação — índice pelo qual a maior parte dos títulos será corrigido — os planos do governo ficarão comprometidos, na medida em que aumentará seu endividamento em médio prazo”, afirmou.
Segundo o relatório do Indec, os setores que sofreram as maiores altas dos preços foram comunicação (24,7%), transporte (21,6) e habitação (aluguéis, luz, água e gás, que subiram 20,2%) — itens afetado pelo corte de subsídios do governo. Enquanto isso, os dois setores que registraram as menores variações em fevereiro foram recreação e cultura, com alta de 8,6%, e vestuário e calçados, com alta de 7,2%.

A inflação de fevereiro também poderia ser maior, caso a atividade econômica não estivesse dando sinais de queda, segundo a avaliação da maior parte dos analistas — que preveem para os próximos meses uma desaceleração econômica mais acentuada do que a última medida pelo Indec, de 3,1%, em dezembro.

Pouco antes do anúncio da inflação de fevereiro, o banco central tinha anunciado um corte de juros de 100% para 80%, sinalizando uma expectativa de desaceleração dos preços.

Para contrariar o seu efeito, o Ministério da Economia ordenou a abertura das importações de banana, batata, carne de porco, café, atum, produtos derivados do cacau, inseticidas, champôs, fraldas, entre muitos produtos que compõem a cesta básica, e também medicamentos que registraram aumentos este ano acima da inflação mensal.

“A economia está se normalizando gradativamente e nesse sentido foi tomada a decisão de abrir a importação de determinados produtos a fim de tornar os preços mais competitivos em benefício das famílias e dos consumidores argentinos, com alguma redução dos impostos sobre estes produtos “, relatou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni.

 

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