Quinta-feira, 09 de Maio de 2024

Home Economia Inflação no Brasil fecha 2023 em 4,62% e volta a ficar dentro da meta após 2 anos

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A inflação oficial do País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou dentro da meta em 2023 após dois anos de descumprimento. O índice fechou o ano com alta de 4,62%. Em dezembro, o índice acelerou e subiu 0,56%, puxado por alimentos e passagens aéreas. Para 2024, preços de alimentos e serviços são as principais fontes de preocupação e podem fazer o Banco Central não acelerar o ritmo de queda dos juros.

A meta estabelecida pelo governo, e que orientava a política de juros do Banco Central, era de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo – ou seja de 1,75% a 4,75%. Esta é a primeira vez, após dois anos, que a inflação encerra dentro da banda projetada.

A perda de força da inflação é tida como uma boa notícia pelos agentes econômicos, que em meados de janeiro do ano passado chegaram a projetar um IPCA de 5,48%, segundo Boletim Focus.

Os preços no país seguiram uma trajetória de desaceleração – a chamada “desinflação”, como dizem os economistas. A inflação de serviços cedeu, e um alívio maior que o esperado nos preços de alimentos e bebidas levaram o grupo à registrar a menor alta desde 2017.

Para 2024, porém, são justamente estes dois fatores os pontos de preocupação. A produção de alimentos tende a ser afetada pelo El Niño e elevar preços. Além disso, a inflação de serviços em dezembro estava aquecida e aponta que os preços deverão cair em ritmo mais lento, o que pode afastar a chance de o BC acelerar o corte da taxa básica de juros, a Selic.

Para Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, a super safra de grãos e o câmbio foram os principais elementos que fizeram de 2023 um ano atípico para preços de alimentos – que costumam subir em média 7,5% ao ano e, desta vez, subiram apenas 1%.

“O número de dezembro foi ruim, mas a inflação de 2023 pode ser considerada muito boa e deixa um sinal positivo para frente. A grande incógnita neste ano vai ser o grupo alimentação e bebidas. Esse será o grande desafio para 2024”, afirma Leal, que projeta inflação de 4% este ano, já incorporando impactos do El Niño na produção de alimentos.

Menor alta desde 2017

Em 2023, o grupo Alimentação e bebidas subiu 1,03% e registrou a menor alta desde 2017. O óleo de soja ficou 28% mais barato no ano passado, seguido do frango em pedaços (-10,12%) e das carnes (-9,37%), segundo o IBGE. Para André Almeida, gerente do IPCA, o grupo de produtos alimentícios foi o que ajudou a segurar o índice no ano.

Adriano Valladão, economista do Santander, lembra que os economistas foram surpreendidos ao longo do ano com a dinâmica mais favorável dos preços, sobretudo de alimentos. E pondera que o país passa por um processo de desinflação bem sucedido, porém ainda incompleto e desafiador de ser alcançado pelo BC:

“A meta para 2024 é 3% (de inflação) e o BC deveria entregar no centro do intervalo. Tem ainda mais um processo para continuar (a desinflação). A parte mais preocupante continuam sendo os serviços. A gente vê serviços rodando acima da inflação de 2024, apesar da tendência de desaceleração”, afirma ele, que espera 3,9% para o IPCA neste ano.

Serviços

A inflação de serviços cedeu para 6,22% em 2023 e foi a menor desde 2021, mas chegou a mostrar aquecimento em alguns itens em dezembro. O grupo abarca diferentes preços – desde refeições em restaurantes e aluguel, até consulta médica, escolas, passagem aérea e serviços de beleza. Estes serviços que são acompanhados de perto pelo Banco Central (BC) pois, quando sobem de preço, sua tendência de desaceleração é lenta.

Já os chamados itens “monitorados” (que são fixados pelo governo, agências reguladoras ou por empresa estatal) foram considerados os principais ‘vilões’ da inflação em 2023. A gasolina ficou 12% mais cara e puxou a alta de Transportes, que subiu 7,14%. Boa parte do aumento se deve à retomada dos impostos federais sobre o produto pelo governo Lula, após o ex-presidente Jair Bolsonaro cortar tributos no período eleitoral, em 2022.

“Vale lembrar que a gasolina também teve o impacto das alterações nas cobranças do ICMS”, destaca Almeida.

Também pesou na inflação o emplacamento e licença, que subiu 21,22% no ano. Segundo o IBGE, o aumento se deve ao IPVA mais caro em 2023, que reflete os preços dos automóveis em 2022. As passagens aéreas também puxaram o índice, com alta de 47,24%.

Planos de saúde, energia elétrica e taxa de água e esgoto também pressionaram o IPCA no ano. Almeida, do IBGE, lembra que esses itens foram bastante afetados pelos reajustes tarifários – seja da ANS, no caso dos planos de saúde, ou das concessionárias, que aplicaram aumentos aos consumidores.

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