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Por Redação Rádio Pampa | 15 de maio de 2023
Juros altos e incertezas em relação ao emprego e a renda estão adiando o sonho da compra da casa própria. No primeiro trimestre deste ano, 40% dos brasileiros pretendiam adquirir um imóvel residencial novo ou usado nos próximos três meses – a menor marca em três anos, segundo pesquisa da Raio-X FipeZap+.
O índice foi feito com base na intenção de compra de 1.077 usuários ativos dos portais de venda de imóveis Zap+ e Viva Real no período. É o número mais baixo desde o primeiro trimestre de 2020, quando a parcela daqueles que pretendiam adquirir um imóvel era de 36%. O resultado dos três primeiros meses deste ano também está quatro pontos abaixo do último trimestre de 2022 (44%).
O economista Alison de Oliveira, coordenador de índices da FipeZap e pesquisador da Fipe, diz que há um número menor de famílias dispostas a comprar imóveis por causa da insegurança no mercado de trabalho aliada ao alto custo dos financiamentos imobiliários.
Em março, a taxa média anual de juros dos empréstimos com recursos direcionados para a compra de imóveis estava em 11% ao ano, o maior resultado desde agosto de 2016. Como as famílias podem comprometer, no máximo, 30% da renda bruta com financiamento, se a renda cai ou o juro se eleva, menos pessoas conseguem obter empréstimos. “A redução de liquidez de crédito acaba afetando as vendas”, diz o economista.
Outro dado que confirma a menor movimentação do mercado de imóveis novos e usados é o volume de compra e venda registrada nos cartórios. A partir de fevereiro de 2022, houve queda crescente, mês a mês, no número de registros de transações com imóveis no Estado de São Paulo em relação a igual período de 2021. Dezembro, por exemplo, fechou com um recuo de 13,4% nos registros de imóveis ante igual mês do ano anterior, aponta Oliveira.
Imóveis novos
Os juros elevados desorganizam também a cadeia de produção de imóveis novos. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) projeta queda de 30% na quantidade de unidades novas financiadas para o primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022. “Nossa preocupação é que essa projeção de 30% de queda seja conservadora. Há possibilidade de que tenha sido maior no fechamento do trimestre”, diz o presidente da entidade, José Carlos Martins.
O motivo, segundo o executivo, é o efeito indireto que o juro alto provoca na caderneta de poupança. Com a Selic (taxa básica de juros) elevada, atualmente em 13,75% ao ano, a poupança perde atratividade e as pessoas migram para outros investimentos.
Com isso, sobram menos recursos da poupança que são direcionados para financiar a casa própria. “Gera-se uma sequência de redução de atividade: os bancos ficam mais restritivos no financiamento e as empresas, com medo de lançar novos projetos e não conseguir vender.”
No Ar: Pampa Na Tarde