Sábado, 18 de Janeiro de 2025

Home em foco Invasões de propriedades rurais refletem tensão entre MST e governo

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Na semana em que o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, trocaram farpas, dados divulgados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – , que monitora regularmente as ocupações de movimentos sociais em propriedades rurais – refletiram a escalada do nível de cobrança do MST em relação ao Palácio do Planalto.

De acordo com a CNA, de janeiro até dezembro deste ano, foram registradas 72 invasões de terras públicas e particulares em todo o território nacional, ante 23 que haviam sido registradas em 2022, no último ano do governo Bolsonaro.

Somando os quatro anos em que Bolsonaro ocupou o Palácio do Planalto – de 2019 a 2022 –, a CNA mapeou 62 ocupações de terra durante todo governo do antecessor de Lula, ou seja, dez invasões a menos que o verificado só no primeiro ano da atual administração petista.

“Quando o MST está na cúpula do governo, sentado na mesa ao lado do presidente, nada diferente disso nós poderíamos esperar. Infelizmente, somos um país que ignora as leis. O governo acaba endossando, incentivando e financiando as invasões”, disse à equipe da coluna o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), Pedro Lupion (PP-PR).

Para a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que integrou a CPI do MST do lado governista, hoje “há liberdade para lutar por reforma agrária e buscar direitos”, o que justificaria o aumento de ocupações e ações dos movimentos sociais ao longo de 2023.

“Durante o governo Bolsonaro havia de fato receio de qual poderia ser a reação do governo, autoritário e explicitamente contra o direito de luta, assegurado pelas leis brasileiras”, avaliou a parlamentar.

“Esse argumento (de conivência do governo Lula com o MST) parte do pressuposto de que é papel dos governos reprimir violentamente quem participa de movimentos sociais. É correto o governo Lula respeitar o direito constitucional de organização.”

Relação tensa

O MST divulgou um balanço de 2023, junto a uma mensagem de ano novo, no qual acenou para a gestão de Lula (PT). Na gravação divulgada nas redes sociais do movimento, a líder Ceres Hadich se refere ao Palácio do Planalto como “nosso governo” e justifica as invasões promovidas nos últimos 365 dias como uma forma de manter a autonomia.

O pronunciamento com acenos ocorre após um mal-estar com o governo federal. Isto porque o fundador do MST, João Pedro Stédile, divulgou um vídeo no Natal em que afirmou que o ano de 2023 havia sido o “pior da história” para o movimento, o que acabou recaindo sobre a gestão de Lula.

Posteriormente, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, rebateu a declaração .

“Nós retomamos a reforma agrária que estava paralisada desde 2015. Assentamos 7.200 famílias e regularizamos outras 40 mil em 2023. Este é o maior número desde a paralisação. Inexistiam recursos no orçamento deixado para este ano e ele ainda é modesto em 2024. Aí reside a crítica do Stédile”, disse Paulo Teixeira.

Sem leniência

O ministro também negou que haja uma leniência do governo Lula com o movimento.

“Temos respeito por toda a sociedade brasileira”, afirmou o ministro. “Houve uma onda de ocupações no abril vermelho, mas o governo colocou como condição de negociação a saída das terras ocupadas. A prática demonstrou que o governo não foi conivente com ocupações, tanto que elas foram revertidas.

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