Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Home em foco Jogos de adivinhação de palavras explodem em popularidade nas redes, oferecendo estímulos cognitivos e ampliação de vocabulário em inglês

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“Estamos vivendo ou apenas esperando o próximo Termo?”. O questionamento do humorista Marcelo Adnet, no Twitter, é o mesmo de milhares de pessoas nas últimas semanas. Para quem não esteve em Marte no período, o joguinho de adivinhação de palavras virou mania — e, para alguns, vai além: a dose diária do game tornou-se uma aliada de aprendizado e uma forma de exercício cognitivo.

O princípio é bem simples: cinco letras, uma palavra por dia, nenhuma pista sobre o significado da palavra. Em seis tentativas, o desafio é descobrir qual o termo misterioso da vez, com a ajuda apenas de uma indicação de cores, que mostra se a letra existe na palavra e se ela está ou não no lugar certo.

É uma ideia que surgiu em outubro do ano passado com o Wordle, jogado em inglês — o sucesso a partir de janeiro foi tanto que o jornal americano The New York Times comprou o game na semana passada por uma quantia não revelada.

Tanto em português quanto em inglês, a brincadeira virou uma espécie de ‘academia para a memória’, além de ser uma maneira de aprender novas palavras no idioma de Shakespeare. Já existem escolas desenvolvendo atividades em sala de aula com o Wordle, por exemplo.

O professor de inglês Kaiky Herculano, de 18 anos, usa o jogo como um ‘aquecimento’ para o cérebro antes de iniciar as atividades do dia e percebeu que o método tem feito sucesso com os estudantes, que já estavam no jogo por conta própria.

“O Wordle pode ajudar a praticar o alfabeto para (pessoas de) níveis mais iniciantes. Para quem já está mais avançado, a gente tem essas palavras como um lembrete do que já aprenderam. Os alunos gostam muito e já existem outros professores na escola usando esse método também”, diz ele.

Ainda não existem estudos que possam indicar o efeito cognitivo do game, mas Francisco Tupy, pesquisador em comunicação educacional formado na Universidade de São Paulo (USP), acredita que eles possam ser semelhantes a outros jogos já conhecidos, como o americano ‘Scrabble’, que também exercita o cérebro na montagem de palavras ligadas a um desafio a ser cumprido.

“A gente aprende muito mais quando a atitude de aprendizado é ativa. Quando a gente interage com o conteúdo, estamos sendo ativos. O jogar é algo pré-lógico. Isso não é novo na educação e, mesmo não tendo uma finalidade educativa, ainda assim é possível utilizar as características desse game como uma ferramenta didática”, explica Tupy.

É do Brasil

Com o sucesso do Wordle em todo o mundo, o Brasil viu surgir várias versões em português, sendo o Termo a mais conhecida. Segundo Fernando Serboncini, gerente de engenharia do Google e criador do sucesso no País, a média diária de acessos já passa dos 400 mil.

“Normalmente, jogos de palavras em inglês são mais difíceis para quem não é nativo. Queria ter essa sensação de jogar em português, então fiz o Termo em uns dois ou três dias. Mandei para alguns amigos e, horas depois, já tinha 10 mil pessoas jogando. Um deles compartilhou no Twitter e explodiu”, conta Serboncini.

Mesmo em português, o que supostamente reduz a capacidade do jogo de ensinar novas palavras, a ideia conservou estímulos mentais para quem está ‘viciado’ no Termo. Isso porque, além da memória, os jogadores querem analisar sua performance também em tempo e em quantidade de tentativas.

“O jogo não é um fim em si mesmo. Cada pessoa pode criar um tipo de dinâmica de aprendizagem. Vejo a utilização associada a um jeito ativo de envolver a memória”, ressalta Tupy.

Pérola Gonçalves compartilha da opinião do especialista. A produtora editorial, de 27 anos, conta que o desafio mental que o game proporciona todos os dias é um incentivo para continuar ‘quebrando a cabeça’ com a plataforma.

“Eu comecei a jogar logo que lançou e me interessei porque gosto muito de jogos de palavras. Eu acho muito legal que é só uma palavra por dia e é a mesma para todo mundo. É um tipo de competição silenciosa que testa a nossa mente”, aponta Pérola.

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