Quinta-feira, 18 de Abril de 2024

Home em foco Estado Islâmico volta a crescer, impulsionado por vácuo de poder no Iraque e na Síria

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Quase três anos depois que o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) perdeu seu último enclave, na fronteira entre a Síria e o Iraque, seus combatentes estão ressurgindo como uma ameaça mortal, auxiliados pela falta de controle central em muitas áreas, segundo autoridades de segurança, líderes locais e moradores do Norte iraquiano.

O EI está longe de ser a força formidável que já foi, mas unidades muitas vezes operando de forma independente sobreviveram entre o Norte do Iraque e o Nordeste da Síria. Nos últimos meses, elas lançaram ataques cada vez mais fortes.

“O Estado Islâmico não é tão poderoso quanto era em 2014”, disse Jabar Yawar, um alto funcionário das forças curdas da região autônoma do Curdistão, no Norte do Iraque. “Seus recursos são limitados e não há uma liderança conjunta forte, mas enquanto as disputas políticas não forem resolvidas, o grupo voltará.”

Alguns temem que isso já esteja acontecendo. No fim de janeiro, o EI realizou um de seus ataques mais violentos contra o Exército iraquiano em anos, matando 11 soldados perto de Jalawla. No mesmo dia, seus soldados invadiram uma prisão na Síria sob o controle da milícia curda apoiada pelos EUA, na tentativa de libertar presos leais ao grupo.

Autoridades e residentes do Norte do Iraque e do Leste da Síria atribuem grande parte da culpa às rivalidades entre grupos armados. Quando as forças lideradas por iraquianos, sírios, iranianos e americanos declararam o EI derrotado, elas estavam unidas com esse objetivo.

Agora, forças apoiadas pelo Irã atacam as forças dos EUA. As da Turquia bombardeiam os curdos na Síria. Uma disputa territorial continua entre Bagdá e a região curda autônoma do Iraque. As tensões estão minando a segurança e a boa governança, causando confusão.

As terras agrícolas remotas entre cada posto militar são onde os militantes do EI se escondem, segundo autoridades locais. Um padrão semelhante ocorre ao longo do corredor de 650 quilômetros de montanhas e desertos entre o Norte do Iraque e o Nordeste da Síria.

Em algumas partes do Iraque onde o EI opera, a principal disputa é entre o governo de Bagdá e o governo da região autônoma curda, que abriga enormes reservas de petróleo.

Os ataques mais violentos dos jihadistas no Iraque nos últimos meses ocorreram nessas áreas. Dezenas de soldados, combatentes curdos e moradores foram mortos na violência que autoridades locais atribuíram a militantes leais ao Estado Islâmico. De acordo com Yawar, os combatentes do EI usam a terra de ninguém entre o Exército iraquiano e os postos de controle das milícias curdas e xiitas para se reagrupar.

“As lacunas entre o Exército iraquiano e os Peshmerga [nome da força curda no Iraque] às vezes são de 40 quilômetros”, disse.

Mohammed Jabouri, comandante do Exército iraquiano na província de Saladino, disse que os combatentes tendem a operar em grupos de 10 a 15 pessoas. Por causa da falta de acordo sobre o controle territorial, há áreas onde nem o Exército iraquiano nem as forças curdas entram para persegui-los, acrescentou.

“É aí que o EI está ativo”, disse por telefone.

As forças paramilitares iraquianas alinhadas com o Irã e agrupadas nas Forças de Mobilização Popular (FMP) em teoria trabalham juntas com o Exército, mas algumas autoridades locais dizem que isso nem sempre acontece.

“O problema é que os comandantes locais, o Exército e os paramilitares às vezes não reconhecem a autoridade uns dos outros”, disse Ahmed Zargosh, prefeito de Saadia, uma cidade em uma área disputada. “Isso significa que militantes do EI podem operar nas brechas.”

Zargosh vive fora da cidade que administra, dizendo que teme ser assassinado por militantes do grupo se ficar lá à noite.

Forças do EI no outro extremo do corredor do território contestado, na Síria, estão aproveitando a confusão para operar em áreas escassamente povoadas, segundo algumas autoridades e analistas.

“Os combatentes entram em vilarejos e cidades à noite e têm total liberdade para operar, invadir locais em busca de comida, intimidar empresas e extorquir “impostos” da população local”, disse Charles Lister, membro sênior do Instituto do Oriente Médio. “Eles têm muito mais fissuras locais, sejam elas étnicas, políticas, sectárias, para explorar a seu favor.”

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