Quarta-feira, 12 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de novembro de 2025
O medo de ter um infarto é comum e, muitas vezes, está ligado à ideia de que o problema surge de forma súbita e sem aviso. A imagem de pessoas aparentemente saudáveis que sofrem um ataque cardíaco inesperado ajuda a alimentar essa percepção. No entanto, a ciência mostra que o infarto, na maioria das vezes, é consequência de fatores de risco conhecidos e controláveis que se acumulam silenciosamente ao longo dos anos.
O infarto agudo do miocárdio ocorre quando o fluxo de sangue para o coração é interrompido, levando à morte de parte do tecido cardíaco. A causa mais frequente é a obstrução de uma artéria coronária por placas de gordura e colesterol – processo conhecido como aterosclerose. “É uma doença que evolui de forma silenciosa, e o infarto costuma ser a primeira manifestação”, explica o cardiologista Silvio Póvoa.
Sintomas e sinais de alerta
O principal sintoma é a dor no peito, geralmente no centro ou no lado esquerdo, descrita como aperto, pressão ou queimação, que piora com o esforço e melhora em repouso. Falta de ar, cansaço, suor frio, agitação, apatia e alterações de comportamento – sobretudo em idosos – também podem indicar o problema.
“Jamais se deve ignorar uma dor torácica. Ela pode estar relacionada não apenas ao infarto, mas a outras emergências, como embolia pulmonar ou colapso do pulmão”, afirma o cardiologista Nilton Carneiro, do Hospital Santa Catarina – Paulista. O atendimento médico rápido é essencial para evitar complicações graves ou morte súbita.
Como prevenir
A boa notícia é que a maioria dos infartos pode ser evitada. O estudo internacional “Interheart”, realizado com 29 mil pessoas em 52 países, mostrou que nove fatores de risco são responsáveis por mais de 90% dos casos. Todos eles são modificáveis: colesterol alto, tabagismo, hipertensão, diabetes, obesidade abdominal, estresse, depressão, má alimentação, sedentarismo e consumo excessivo de álcool.
“O problema é que muitos pacientes se preocupam em fazer check-up, mas continuam fumando, sem praticar atividade física e sem incluir vegetais na dieta. A prevenção real está na mudança de comportamento”, afirma Póvoa.
Ser ativo não basta
A prática regular de exercícios é um dos pilares da saúde cardiovascular, mas não garante imunidade. Mesmo atletas podem desenvolver hipertensão, diabetes ou colesterol elevado por predisposição genética. “Há esportistas que acreditam estar protegidos e deixam de fazer exames. Além disso, o uso de anabolizantes aumenta significativamente o risco de morte súbita”, alerta o cardiologista.
Genética não é destino
O histórico familiar de doenças cardíacas deve servir como alerta, não como sentença. Ter um parente de primeiro grau que sofreu infarto precoce (antes dos 55 anos para homens e 60 para mulheres) exige mais atenção com a própria saúde. “Essas pessoas devem realizar uma avaliação médica detalhada e monitorar de perto seus fatores de risco”, recomenda Carneiro.
Quando o remédio é necessário
Embora bons hábitos sejam fundamentais, há situações em que apenas eles não bastam. Condições como diabetes e hipertensão têm forte componente genético, e algumas pessoas precisam de medicamentos para manter o controle adequado.
“Tomar remédio não dispensa o exercício físico nem a alimentação equilibrada. Mas o diagnóstico precoce e o tratamento correto são essenciais para reduzir o risco de complicações”, afirma Póvoa.
Em resumo, o infarto não é um evento imprevisível. Ele é o resultado de escolhas e fatores acumulados ao longo do tempo — e, na maioria dos casos, pode ser prevenido com informação, acompanhamento médico e mudanças sustentáveis no estilo de vida.