Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2025

Home Economia Mercado financeiro não acredita mais em juros abaixo de 10% ao ano no governo Lula

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Antes previsto para 2024, o recuo da taxa de juros para o patamar de um dígito, ou seja, abaixo de 10% ao ano, não acontecerá mais no atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa é a projeção dos economistas do mercado financeiro, captada por meio da pesquisa realizada pelo Banco Central (BC) com mais de 100 bancos na semana passada.

A taxa Selic, que atualmente está em 11,25% ao ano, começou o terceiro mandato de Lula, em 2023, em 13,75% ao ano. A taxa foi reduzida no primeiro ano de governo, e começou a subir nos últimos meses.

No início do ano passado, quando foi inaugurada a gestão petista, o mercado acreditava que o juro recuaria para 9,25% ao ano, em um dígito, já em 2024.

Há algumas semanas, entretanto, os analistas passaram a estimar que a taxa voltará a ficar abaixo de 10% ao ano somente em 2027, ou seja, após o fim do atual governo.

Na próxima quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente e a expectativa do mercado é de que a Selic avance para 11,75% ao ano. Porém, vários economistas já estimam uma alta maior, para 12% ao ano.

taxa de juros é definida pelo Banco Central com base no sistema de metas de inflação. O BC fixa a Selic olhando para frente, tendo por base as estimativas para o comportamento dos preços nos próximos anos.

Se as projeções estão em linha com as metas, pode manter ou baixar os juros. Se estão acima, a saída é elevar a taxa básica.

Juros altos têm consequências na economia e nas contas públicas. Eles tendem a frear o crédito, que fica mais caro, o consumo, o ritmo de atividade e o crescimento do emprego.

Ao mesmo tempo, elevam as despesas com juros do setor público e pressionam o endividamento — que atingiu 78,6% do PIB em outubro. Esse é um patamar elevado para o padrão de países emergentes.

Nos primeiros anos de seu governo, o presidente Lula, e representantes do Partido dos Trabalhadores, criticaram abertamente o presidente do BC, Roberto Campos Neto, por não baixar tanto os juros, ou por elevá-los. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, ele foi acusado de atuar politicamente.

Entretanto, pouparam das críticas o atual diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, quando este apoiou a alta da Selic. Galípolo indicou que os juros permanecerão elevados por mais tempo. Ele assume a Presidência do BC em 2025.

O que aconteceu 

A piora na projeção do mercado para a inflação, e para os juros, está relacionada com o crescimento das dúvidas sobre o controle de gastos públicos, tarefa a cargo dos Ministérios da Fazenda e Planejamento, junto a uma expansão robusta da economia — e geração de empregos. Além de incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos.

De acordo com Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o principal motivo para a piora das projeções do mercado para a taxa de juros, “sem dúvida alguma”, foi a deterioração das contas públicas no Brasil, que acabou “desancorando” as projeções de inflação, que passaram a ficar mais acima das metas centrais.

“E lembrar também que a gente sofreu bastante ao longo do ano com toda aquela dúvida em relação à política monetária [definição dos juros] nos Estados Unidos”, argumentou.

Segundo o especialista, “a taxa de juros se movendo nos Estados Unidos acabou afetando toda a dinâmica da taxa de câmbio [alta do dólar], e a gente viu aqui a inflação também principalmente dos ‘tradables’ [produtos com cotação internacional] sendo bastante pressionada.

“Mas, majoritariamente, o grande culpado dessa situação tem sido a política fiscal expansionista [alta de gastos públicos]”, seguiu Agostini.

André Perfeito, economista e mestre em Economia Política pela PUC/SP, citou três fatores que contribuíram para o mercado elevar sua projeção para a taxa de juros: o aquecimento da economia, a dificuldade com as contas públicas e a demora do BC dos EUA em baixar os juros, aliado à vitória de Donald Trump na corrida eleitoral. As informações são do G1.

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