Domingo, 07 de Dezembro de 2025

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A menopausa é uma fase natural e inevitável na vida de milhões de mulheres no Brasil e no resto do mundo. No entanto, continua sendo uma etapa negligenciada, envolta em desinformação e tabus. Uma pesquisa inédita conduzida pelo instituto Ipsos a pedido da Bayer traz um dado alarmante: 44% das mulheres brasileiras que sentem os sintomas da menopausa não recebem nenhum tipo de tratamento.

Uma das principais barreiras para o tratamento da menopausa é a invalidação do que a mulher sente:

Metade de todas as mulheres entrevistadas afirmam que seus sintomas já foram tratados como “exagero” ou “algo normal”.

Esse número sobe para 65% entre as mulheres que estão na pré-menopausa (normalmente entre 45 e 55 anos), uma fase de intensa oscilação hormonal
As fontes dessa invalidação são principalmente familiares (41%) e profissionais de saúde (38%). Entre as mulheres de 50 a 60 anos, a invalidação por parte dos médicos chega a impressionantes 55%.

De acordo com a ginecologista liza Monteiro, presidente da Comissão de Anticoncepção da Febrasgo, essa atitude por parte dos profissionais de saúde muitas vezes se deve a uma combinação de falta de preparo e preconceito, mostrando uma necessidade urgente de atualização na comunidade médica.

Além da “naturalização do sofrimento”, existe uma barreira de vergonha que silencia as mulheres. A própria médica compartilha sua experiência pessoal, quebrando o tabu: “Vamos lembrar da vergonha de falar que tava na menopausa, gente. Eu mesma não contei para ninguém… Então existia uma vergonha de falar isso.”

Mesmo quando a mulher decide procurar ajuda, o caminho para entender o que está acontecendo com seu corpo é repleto de obstáculos. Os dados mostram que uma em cada três mulheres apenas suspeita que está na menopausa, sem ter um diagnóstico formal.

Elas sentem os sintomas, mas vivem em um limbo de incerteza. Muitas especialistas descrevem a perimenopausa como uma “montanha-russa” hormonal, uma fase caótica e imprevisível em que os sintomas aparecem de forma desordenada e, muitas vezes, simultânea. Os sinais que mais levam as mulheres a buscar ajuda médica são variados e impactam diretamente o dia a dia:

* Ondas de calor (71%)

* Irregularidade menstrual (66%)

* Suores noturnos (59%)

* Alterações de humor (54%)

* Dificuldade para dormir (50%)

* Diminuição da libido (44%).

A demora de cravar a perimenopausa adia o acesso ao tratamento mais eficaz disponível, uma solução que, apesar de seus benefícios comprovados, muitas vezes nem sequer é mencionada nas consultas.

Os dados ainda revelam desigualdades no acesso ao tratamento. Entre usuárias do SUS, a principal dificuldade está na demora para conseguir consulta com especialistas, enquanto mulheres com plano de saúde citam burocracia ou falta de cobertura.

A falta de informação sobre a menopausa e suas opções terapêuticas aparece como um obstáculo em comum entre os grupos, atingindo aproximadamente uma em cada cinco mulheres (19%).

A TRH (terapia de reposição hormonal) é reconhecida por entidades globais de saúde e ginecologia como o “tratamento padrão-ouro” para o manejo dos sintomas da menopausa. Sua eficácia é notável e pode mudar radicalmente a experiência dessa fase.

Apesar de sua comprovada eficácia, existe uma enorme lacuna na comunicação entre médicos e pacientes sobre a TRH. Muitas mulheres nunca chegam a saber que essa é uma opção viável para elas.

* 53% das mulheres relataram que seu médico nunca apresentou as opções de reposição hormonal

* 14% afirmaram ter recebido a prescrição de apenas um tipo de tratamento, sem qualquer discussão prévia sobre as alternativas disponíveis

A conversa sobre TRH é frequentemente obscurecida por preocupações significativas, principalmente relacionadas ao ganho de peso (citado por 27% das mulheres), medo de desenvolver câncer (22%) e risco cardiovascular (18%). O medo do câncer de mama, em particular, é um dos maiores obstáculos.

A desinformação se estende a métodos específicos. O DIU hormonal, por exemplo, pode ser um componente crucial da TRH para a proteção do endométrio, mas essa opção foi apresentada a apenas 2% das pacientes. Além disso, embora o DIU hormonal seja disponibilizado gratuitamente pelos planos de saúde, apenas 30% das mulheres sabem desse direito.

O maior obstáculo para o bem-estar na menopausa não é falta de opção da medicina, mas sim a falta de informação clara e atualizada.

A menopausa é um processo biológico, mas o sofrimento associado a ela não precisa ser uma sentença. As pesquisas demonstram que a dor de milhões de mulheres é amplificada pela falta de informação, por tabus sociais e por práticas médicas que precisam ser atualizadas.

Desafiar a “normalidade” do sofrimento é o primeiro e mais importante passo para viver esta fase com mais saúde, dignidade e qualidade de vida. (Com informações do portal UOL)

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