Sábado, 04 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 3 de outubro de 2025
Com a confirmação da interceptação da flotilha Global Sumud, que tentava levar alimentos e ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, dezenas de protestos eclodiram e foram convocados na Europa desde a quinta-feira, reunindo milhares de pessoas nas ruas de importantes cidades do continente. Autoridades israelenses confirmaram nessa sexta-feira (3) que todas as embarcações do grupo foram retirados de circulação, e anunciaram que foi dado o início no processo de extradição das centenas de ativistas detidos, incluindo cidadãos brasileiros.
Centenas de milhares de pessoas se manifestaram na Itália nessa sexta-feira em apoio à flotilha humanitária para Gaza e para denunciar a passividade do governo da primeira-ministra Giorgia Meloni diante do bloqueio do território palestino. Centrais sindicais italianas convocaram uma greve geral em apoio aos ativistas e paralisaram os serviços portuários e a rede ferroviária, provocando caos entre passageiros.
Importantes cidades italianas, como Milão e Roma, registram manifestações e passeatas desde o dia anterior, quando cerca de 10 mil pessoas tomaram as ruas da capital italiana. Perto do Coliseu, símbolo da capital, eles se reuniram ao anoitecer. Na manhã desta sexta-feira, os manifestantes marcharam novamente em Roma, até a praça em frente à estação central de trem Termini, onde os serviços foram cancelados ou atrasados em até 80 minutos. Entre a multidão estava o universitário Giordano Fioramonti, de 19 anos, que explicou o motivo da adesão ao ato.
“É um dever cívico mostrar o quanto estamos indignados e descontentes com o que está acontecendo no mundo, com o nosso governo, demonstrar nosso apoio à flotilha, especialmente à Palestina, aos moradores de Gaza que estão sendo mortos, torturados e massacrados”, disse o italiano.
Em todo o país, milhares de pessoas se reuniram para marchas e flashmobs, de Turim e Trento, no norte, a Bari e Palermo, no sul. Uma multidão aplaudiu e agitou a bandeira palestina em Milão enquanto caminhava pelas ruas, carregando uma enorme faixa com os dizeres: “Palestina Livre, Parem a Máquina de Guerra”. Dezenas de italianos participaram da flotilha, incluindo quatro deputados e membros do parlamento europeu que foram libertados nesta sexta-feira.
O governo italiano é um dos mais críticos à flotilha Global Sumud (que significa “resiliência”, em árabe). A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, classificou a iniciativa de “perigosa e irresponsável”. Ela também criticou os sindicatos italianos, afirmando que “feriados prolongados e revolução não combinam”, ao se referir à convocação da greve para a sexta-feira.
A flotilha partiu de Barcelona no fim de agosto, anunciando como objetivos “abrir um corredor humanitário e pôr fim ao genocídio em curso do povo palestino” em meio à guerra entre Israel e Hamas. A operação de interceptação durou quase 12 horas, e culminou na prisão de mais de 400 ativistas a bordo de 41 barcos, entre eles a ativista sueca Greta Thumberg e a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE).
Ainda na quinta-feira, na cidade espanhola de onde zarparam os ativistas, vários manifestantes, muitos deles agitando bandeiras palestinas, reuniram-se na Plaza de Les Drassanes, no centro, entoando slogans como “Gaza, você não está sozinha”, “Boicote a Israel” e “Liberdade para a Palestina”.
Na França, milhares se reuniram na Praça da República, em Paris, convocados pelo partido de esquerda França Insubmissa, antes de serem dispersos. Em Marselha, ativistas exigiram a libertação dos detidos, e denunciaram a empresa de armas Eurolinks por vender componentes militares para Israel.
Genebra, na Suíça, também testemunhou um protesto em massa com quase 3 mil participantes. Alguns acenderam fogueiras e hastearam uma enorme bandeira palestina em um telhado.
Cerca de 3 mil pessoas também se reuniram em frente ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, com sinalizadores, lenços de cabeça tradicionais palestinos e faixas com os dizeres: “Navegue para Gaza e rompa o bloqueio”, eles exigiram proteção para os ativistas da flotilha.
Na Irlanda, em frente ao Parlamento em Dublin, Miriam McNally, juntamente com cerca de 100 manifestantes, expressou sua preocupação com sua filha, membro do grupo de barcos.
“Ela foi sequestrada ilegalmente em águas internacionais. Estou aqui por ela e por Gaza”, disse.
Haia, na Holanda, viveu momentos tensos quando centenas de manifestantes interromperam o tráfego ferroviário após serem dispersos pela polícia de choque.
Protestos também ocorreram fora da Europa. Veículos de imprensa internacionais registraram atos de Buenos Aires a Kuala Lumpur. Na cidade asiática, dezenas protestaram em frente à Embaixada dos EUA. “O que eles estão fazendo é inumano”, disse Ili Farhana, 43 anos. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.