Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025

Home em foco Na visita a Washington, Lula afirmou que o Brasil é soberano na Amazônia, mas que a região não deve ser vista “como um santuário da humanidade, mas como um centro de pesquisa” mundial

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Em reunião na Casa Branca, Luiz Inácio Lula da Silva propôs ao presidente americano, Joe Biden, uma governança global para a questão climática. Na visita a Washington, o petista afirmou que o Brasil é soberano na Amazônia, mas destacou que a região não deve ser vista “como um santuário da humanidade, mas como um centro de pesquisa” mundial.

O comunicado conjunto divulgado após o encontro diz que, como parte dos esforços dos dois países na área ambiental, “os Estados Unidos anunciaram sua intenção de trabalhar com o Congresso para fornecer recursos para programas de proteção e conservação da Amazônia brasileira, incluindo apoio inicial ao Fundo Amazônia”.

O fundo foi criado em 2008 e conta com recursos da Alemanha e da Noruega (cerca de US$ 1,2 bilhão). Lula afirmou em entrevista que acredita que os EUA vão aderir ao fundo. “É necessário que participem.”

Ao procurar explicar sua ideia de governança global, o presidente brasileiro citou organismos internacionais e a necessidade de cumprimento dos acordos ambientais.

“Não sei qual é o fórum, se é na ONU, no G-20, no G-8, mas alguma coisa temos de fazer para que a gente obrigue países, os nossos Congressos, os nossos empresários a acatar decisões que nós tomamos a nível global”, afirmou no Salão Oval. “Se isso não acontecer, a nossa discussão sobre a questão climática ficará muito prejudicada.” O petista acrescentou que “não há muito tempo” e tomar atitudes é “urgente”. “Vamos fazer um esforço muito grande para transformar a Amazônia não num santuário da humanidade, mas num centro de pesquisa compartilhado com o mundo todo.”

Biden também defendeu a união de EUA e Brasil para enfrentar problemas globais. “Nossos valores em comum e os fortes laços entre os nossos povos tornam Brasil e EUA parceiros naturais para enfrentar os desafios globais atuais e especialmente as mudanças climáticas”, afirmou Biden.

Outro tema de convergência entre o democrata e o petista foi a repulsa a atos antidemocráticos nos Estados Unidos e no Brasil. Biden disse que as democracias dos dois países “foram testadas”, mas prevaleceram.

Semelhanças

Lula, durante o encontro na Casa Branca, reiterou as críticas a Jair Bolsonaro (PL). Acusou o antecessor de incentivar o garimpo em terras indígenas e o desmatamento da floresta amazônica e disse que o ex-presidente – que está na Flórida desde antes da posse – isolou o Brasil do mundo, não gostava de manter relações com outros países e repetia fake news “de manhã, de tarde e de noite”. Biden riu e emendou: “Soa familiar”, em referência ao americano Donald Trump.

Biden disse ao brasileiro que as agendas dos dois governos parecem “muito semelhantes” e afirmou que as duas nações rejeitam a violência política. “Estamos juntos na defesa das instituições democráticas”, afirmou. “Temos de continuar a defender juntos os valores democráticos que constituem o núcleo da nossa força, não só no hemisfério, como no mundo”, disse. “As nossas duas nações são democracias fortes e foram testadas, duramente testadas. Em ambos os casos, a democracia prevaleceu.”

O presidente brasileiro disse também que os dois países devem trabalhar juntos para combater as desigualdades e o racismo. Durante a fala de Lula, Biden acenou com a cabeça, em concordância.

Guerra

O comunicado conjunto divulgado após o encontro propõe uma “paz justa e duradoura” em relação à invasão russa na Ucrânia. Diz que Lula e Biden “lamentaram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como violações flagrantes do direito internacional”. Conforme o documento, os líderes expressaram preocupação com os efeitos globais do conflito na segurança energética e alimentar.

A manifestação conjunta também destaca uma antiga reivindicação brasileira ao afirmar que os “dois líderes expressaram a intenção de trabalhar juntos para uma reforma significativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas”. A ideia é atuar pela expansão do órgão com o objetivo de incluir assentos permanentes para países na África, na América Latina e no Caribe.

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