Quinta-feira, 17 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 16 de julho de 2025
O fluxo do ensino superior global está mudando e os principais países de destino dos estudantes – Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália – devem dar lugar a outros, como Irlanda, em curto prazo, e Índia e China, em médio prazo. A avaliação é de Ben Sowter, vice-presidente da Quacquarelli Symonds (QS), empresa inglesa responsável por um dos principais rankings de universidades do mundo, o QS World University Rankings.
Segundo ele, esse cenário já se consolidava antes de Donald Trump assumir a presidência dos EUA, em janeiro, mas se agrava diante das políticas do republicano de restringir a entrada de estrangeiros. Embora com regras menos rigorosas do que as americanas, outros países têm adotado políticas de migração mais rígida mesmo para estudantes.
Trump suspendeu a emissão de vistos para alunos estrangeiros – depois, retomou sob regras rígidas de avaliação dos perfis dos candidatos. O Canadá, que era um dos países mais abertos a estudantes, restringiu os vistos para estrangeiros cursarem graduação.
O Reino Unido anunciou um plano com regras mais duras para vistos e aval para residência permanente, além de diminuir a permanência no país após a graduação. A Austrália implementou novos critérios para vistos de estudantes. Sowter diz que a “grande ruptura” no cenário global será a substituição desses destinos por países do Sul Global.
No curto prazo, é a Irlanda que pode receber parte do fluxo reprimido, por ter o inglês como idioma. França, Espanha, Itália, Holanda e Escandinávia também podem ser beneficiadas – China e Índia em um futuro próximo, como alternativas. “Os EUA, o Canadá, o Reino Unido e a Austrália, os quatro maiores destinos do ensino superior internacional, estão todos dando às pessoas motivos reais para considerar ir para outro lugar, qualquer outro lugar.”
A China, nos próximos cinco anos, será mais atraente, diz Sowter. Para os estudantes brasileiros, uma experiência no país asiático será valiosa para a empregabilidade. Já a Índia tem mostrado evolução há mais de uma década. O país é o que teve o maior número de novas universidades que entraram nos rankings da QS nos últimos anos. “Em muitos desses locais ( na Índia e em outros países asiáticos, como a Malásia), vemos as principais instituições privadas crescendo – não necessariamente liderando o grupo, mas sendo parte valiosa e respeitada do ‘mix’ competitivo internacional. Começam a desempenhar papel importante no sucesso desses locais”, diz Sowter.
Efeito Trump
Após suspenderem a emissão de vistos para estudantes estrangeiros, os EUA anunciaram a retomada, mas com a investigação das redes sociais dos intercambistas para verificar possíveis posicionamentos contrários a Trump. Com Harvard, o conflito foi mais intenso. Além de tentar barrar a entrada de alunos estrangeiros, o que foi bloqueado pela Justiça, Trump cortou financiamento federal para a instituição e a acusou de “violar direitos civis de alunos judeus e israelenses”.
“Haverá mudanças como consequência do que está acontecendo nos EUA agora. Elas serão abrangentes, e forçarão instituições em muitos lugares a repensar seus modelos, a olhar com novos olhos para a inovação”, diz o especialista.
O envelhecimento da população de grande parte das nações desenvolvidas também tem impactos. Nesses países, as instituições de ensino superior passam a ter vagas sobrando. “Até 2035 haverá 40% menos estudantes na Espanha. Há estatísticas demográficas semelhantes na Alemanha, na Itália. Em Portugal, o envelhecimento da população é ainda mais profundo”, diz Sowter.
(Com informações do Estado de S.Paulo)
No Ar: Pampa Na Madrugada