Terça-feira, 23 de Abril de 2024

Home em foco No Telegram, grupo antivacina espalha inverdades ao sugerir que imunização cria novas variantes do coronavírus

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Uma montagem divulgada no canal do Telegram do grupo “Médicos Pela Vida” faz intervenções no gráfico de novas internações por covid-19 em Israel, abrindo margem às seguintes interpretações: que a terceira e quarta doses foram a causa ou teriam contribuído para o avanço de novas variantes do coronavírus, ou que elas teriam sido ineficazes diante do aumento de contágio provocado pelas cepas.

Conforme demonstram as informações oficiais do governo de Israel, ambas leituras são incorretas. A vacinação não causou o surgimento das variantes: as cepas delta e ômicron já estavam em circulação no país quando a aplicação das doses de reforço foi aprovada, justamente para conter o aumento de casos da doença.

Apesar do crescimento no número de hospitalizações, o reforço ofereceu uma proteção importante. Os dados demonstram que a maioria dos internados na segunda onda da ômicron não estavam vacinados. Além disso, comparando as datas de aprovação das doses com as curvas do gráfico original utilizado na postagem, é possível notar que o efeito seguinte é o de queda nas internações.

As explicações de virologistas e epidemiologistas também contribuíram para descartar a veracidade das interpretações sugeridas pela postagem.

A publicação é classificada como enganos por distorcer dados com o objetivo de induzir o leitor a um erro de interpretação com relação às vacinas e a sua eficácia.

O grupo de Telegram que publicou a mensagem não disponibiliza outros meios de contato além do próprio chat, assim como os administradores não são identificados.

Verificação

Por meio de uma busca pelas palavras-chaves indicadas na montagem, foi possível constatar que o gráfico utilizado como base é o do Our World in Data, plataforma mantida por pesquisadores da Universidade de Oxford e que coleta dados globais da pandemia.

Uma pesquisa nas publicações no site do Ministério da Saúde de Israel e em reportagens locais e internacionais trouxe as datas de início da terceira e quarta doses no país, e o contexto em que foram aprovadas: quando as variantes delta e ômicron já estavam em circulação e as curvas de infecção e internações, ascendentes.

O gráfico original do site Our World in Data mostra o número de internações semanais em leitos de UTI por covid em Israel, por milhão de pessoas, com curvas ascendentes por volta de agosto de 2021 e fevereiro de 2022. A visualização dos dados não traz qualquer menção à vacinação. Somente no conteúdo replicado no Telegram são inseridas, na imagem, as setas com as inscrições “3ª dose” e “4ª dose”, pouco antes de as curvas crescerem.

Essas inscrições dão a entender que a aplicação das terceiras e quartas doses da vacina foram a causa ou teriam contribuído para o avanço de novas variantes do coronavírus, ou que elas seriam ineficazes diante do aparecimento das mutações do vírus. As interpretações são sugeridas pelo seguinte texto que acompanha o gráfico:

“Uma imagem vale mais que mil palavras! Talvez desenhando fique mais fácil de entender a relação de eficácia das diversas doses de vacinas x avanço das novas cepas… Dados de Israel, um dos países que mais vacinaram sua população em todo o mundo.”

No entanto, as interpretações não encontram respaldo nos dados oficiais disponíveis no site do governo de Israel, nas informações consultadas na imprensa local e internacional e nas avaliações dos pesquisadores ouvidos nesta verificação.

Segundo conteúdo disponível na página de notícias do Ministério da Saúde de Israel, a terceira e a quarta doses da vacina contra a covid-19 foram aprovadas para conter as ondas de contaminação, já em curso, provocadas pelas variantes delta e ômicron.

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