Sábado, 01 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 1 de novembro de 2025
No ano passado, o câncer de próstata matou 48 homens por dia no Brasil, segundo levantamento da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), totalizando 17.587 óbitos em 2024, mesmo sendo altamente curável se identificado precocemente, segundo especialistas. Os dados são do painel de monitoramento de mortalidade do Ministério da Saúde.
Já entre 2015 e 2024, houve aumento de 21% no número de mortes no País, saindo de 14,9 mil para 17,5 mil óbitos. Nesse período, o Brasil registrou mais de 159 mil vidas perdidas para a doença. A região Centro-Oeste teve o maior crescimento (26,1%) nos últimos dez anos, seguida pela região Sul (24,1%), Sudeste (21%), Nordeste (19,7%) e Norte (19,5%).
Apesar de ser o segundo tumor mais frequente em homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, o câncer de próstata ainda é cercado por preconceito, o que afasta os homens dos consultórios.
“Ainda existe um certo tabu em relação ao toque retal, porque evidentemente não é um exame confortável, mas é um exame simples, barato e muito importante para o diagnóstico da doença”, diz Marco Arap, urologista do hospital Sírio-Libanês.
Segundo Arap, quando o PSA (Antígeno Prostático Específico) —geralmente o primeiro exame feito para detectar alterações na próstata— fica estável ou numa faixa “normal”, é o toque retal que pode garantir um diagnóstico mais claro.
A campanha global Novembro Azul incentiva a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata, além de promover a saúde geral do homem. A campanha busca combater o preconceito e a falta de informação, encorajando os homens a realizar exames preventivos
Existem outros exames que complementam a investigação do câncer de próstata. O principal deles é a ressonância magnética, que avalia não só a zona periférica da próstata, mas também toda a região próxima.
“A ressonância é um exame muito sensível e específico, mas infelizmente é caro. Portanto, não deve ser indicado para todo mundo em substituição ao toque retal. Ele é indicado quando o PSA e ou o toque retal têm algum tipo de alteração. Aí sim a gente prolonga a investigação com a ressonância, que vai definir se esse paciente deve ser submetido a uma biópsia para a confirmação”, afirma Arap.
Por não apresentar sintomas em estágios iniciais, exames regulares são fundamentais para detecção da doença. O rastreamento deve começar aos 50 anos ou aos 45 em caso de fatores de risco, como histórico familiar, obesidade ou pessoas negras —população com risco duas vezes maior de desenvolver o tumor e com mortalidade mais alta.
“O câncer de próstata é silencioso e não apresenta sintomas na fase inicial. Muitos pacientes só descobrem a doença em estágios avançados, quando as chances de cura diminuem drasticamente. Prevenção é atitude de responsabilidade”, afirma Luiz Otávio Torres, presidente da SBU.
Em estágios avançados, o câncer de próstata pode provocar dificuldade para urinar, o jato urinário fraco ou interrompido, sensação de urina residual na bexiga, sangramentos e dor nas costas, especialmente quando há obstrução do ureter. Em casos de metástases —quando o câncer se espalha para outros órgãos— podem ocorrer dores ósseas intensas, perda de peso e anemia.
No entanto, a presença desses sintomas não significa necessariamente que o paciente tenha câncer de próstata. Eles podem estar associados a outras condições comuns, como infecções urinárias, cálculo renal ou hiperplasia prostática benigna, que não são malignas.
“Todos esses sinais, quando detectados, devem motivar o paciente a procurar auxílio médico. Sejam eles graves ou não, esses sintomas devem ser investigados e tratados, desde uma simples infecção urinária até um problema mais grave como um tumor”, diz Arap.