Quarta-feira, 05 de Novembro de 2025

Home Política Número de presos em megaoperação no Rio enviado ao Supremo não bate com o divulgado pelo governo

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O número de presos durante a megaoperação do último dia 28, que consta no relatório entregue pelo governador Cláudio Castro ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é diferente do divulgado anteriormente por autoridades da Segurança do Estado. No documento sobre a Operação Contenção, o governo do Rio informa que 99 pessoas foram detidas, sendo 82 em flagrante e 17 com mandados. Entre elas, há dez menores.

Após a ação policial nos complexos da Penha e do Alemão – em que houve 121 mortes –, foi divulgada a prisão de 113 suspeitos numa coletiva concedida por representantes das secretarias estaduais de Segurança, de Polícia Civil e de Polícia Militar. Oito dias depois da megaoperação, entidades como a Defensoria Pública ainda não tiveram acesso à lista com os nomes dos presos.

“Informações duplicadas”

A Polícia Civil informou, por meio de nota, que “alguns presos em flagrante já tinham mandados expedidos contra eles, por isso houve uma duplicação das informações iniciais”.

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) afirmou que “espera que as informações sobre a Operação Contenção sejam amplamente divulgadas à sociedade e aos órgãos competentes, em razão do princípio da transparência”. A entidade instalou o Observatório de Investigações para acompanhar todos os desdobramentos da ação policial. “A OAB-RJ adotará as medidas cabíveis para a obtenção de informações precisas e consistentes sobre os fatos”, informou.

“É uma amostra de como o governo não age de forma profissional. A operação contou com centenas de policiais, inclusive policiais civis, que têm o dever de investigar, fazer apuração e registros”, disse Rodrigo Mondego, coordenador na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

No documento entregue anteontem ao STF, o governo do Rio também detalha que, entre os 99 detidos, há 29 pessoas de outros estados e 17 com mandados de prisão em aberto. O objetivo da Operação Contenção era capturar cem procurados. Já entre os 115 suspeitos mortos identificados – material de dois corpos ainda está sendo submetido a exames –, havia 59 pessoas com mandados de prisão. As autoridades só não esclarecem se elas estavam entre as cem que a megaoperação buscava prender.

Nas 26 páginas do relatório, Castro enumerou argumentos para o “uso proporcional da força” diante da ameaça imposta pelo Comando Vermelho (CV) nos complexos da Penha e do Alemão. Depois de citar que a facção enfrentou as polícias Civil e Militar – que empregaram 2,5 mil agentes – com “armas de uso restrito” e com “táticas típicas de guerrilha urbana”, Castro admitiu que, no geral, “as capacidades técnicas e os armamentos das forças policiais, em muitos aspectos, se mostram em desvantagem frente a organizações criminosas de perfil paramilitar”.

O documento menciona que cerca de 500 bandidos usavam roupas camufladas para percorrer “trilhas clandestinas em meio à vegetação”, assim como lançaram granadas contra os policiais, por meio de drones. Procurado ontem, o governo do estado ressaltou que os traficantes têm armas de alto poder de destruição, que, por lei, não podem ser usadas pelas forças de segurança. “A polícia está limitada a fuzis 7,62 e 5,56, não pode usar granadas nem drones com capacidade de ataque”, argumentou.

Fuzis

A nota diz ainda que os bandidos da Penha e do Alemão têm de 800 a mil fuzis em mãos e que usam “técnicas de defesa territorial baseadas no conhecimento total do terreno, com rotas de fuga, túneis, minas terrestres, barricadas e pontos de observação que dificultam o avanço das equipes policiais”. “Mesmo diante dessas limitações, as forças de segurança do estado atuam com planejamento, inteligência e respeito absoluto à lei”, acrescentou.

O relatório entregue a Alexandre de Moraes pontua essa diferença entre os armamentos. Destaca o “elevado poder bélico e métodos capazes de gerar risco letal difuso” dos bandidos, mencionando fuzis automáticos de uso militar e “armas de altíssima potência”, como os fuzis .30 e .50. Por outro lado, os policiais estavam equipados com fuzis semiautomáticos e pistolas, por exemplo.

O número de armas apreendidas no relatório também é discrepante: o documento cita 122, enquanto, anteriormente, havia sido informado um total de 118. Na lista atualizada, são 96 fuzis (inicialmente eram 91, corrigido depois para 93), 25 pistolas e um revólver. Há ainda a informação de que foram apreendidos 260 carregadores e 5,6 mil projéteis, além de 12 artefatos explosivos. (Com informações do jornal O Globo)

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