Terça-feira, 09 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 8 de setembro de 2025
Em depoimento à CPI do INSS, o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) negou ter participado de qualquer irregularidade no órgão ou acobertado os desvios detectados nos descontos de aposentados e pensionistas. Fora da pasta desde maio, Lupi reforçou que espera ver os autores das fraudes presos.
O presidente do PDT é um dos principais alvos da CPI porque estava à frente do ministério quando o escândalo foi revelado. Foi sob sua gestão, nos anos de 2023 e 2024, que os descontos associativos se multiplicaram.
“Eu não tenho qualquer condenação do Poder Judiciário. Desvios, eu nunca fiz na minha vida. Não acobertei nada ou fui conivente. Espero que todos os servidores do INSS que foram coniventes com as fraudes sejam presos. Estou neste colegiado como colaborador, fui convidado e não convocado”, disse.
O depoimento dele é visto com temor por parte do governo. Ele se negou a participar de um treinamento para a sessão. A pessoas próximas, ele afirmou que via com tranquilidade sua participação na comissão. O perfil espontâneo do ex-ministro é considerado um fator imprevisível para seu desempenho. Outros membros do primeiro escalão já vêm sendo preparados internamente.
Ao deixar o ministério, no início de maio, Lupi saiu com certa mágoa pela forma como ocorreu seu desligamento. O ex-ministro pediu demissão quando a permanência ficou inviável após a eclosão do escândalo no INSS. Embora as investigações não citem Lupi, o entendimento no Planalto foi que prevaleceu a percepção na opinião pública de que ele não tomou providências para estancar os descontos. As apurações revelaram também uma demora nas ações do governo sobre o tema, mesmo após diversos alertas.
Em abril, ele admitiu que houve demora em tomar medidas para conter as fraudes, mas negou omissão de sua parte. Mais de uma vez, o ex-ministro já afirmou a pessoas próximas sentir descontentamento por não ter sido alertado por outras áreas do governo sobre o rombo dos descontos das associações.
Investigado pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU), o esquema que levou à demissão de Carlos Lupi pode ter desviado R$ 6,3 bilhões.
A fraude envolvia descontos mensais não autorizados em benefícios previdenciários, com entidades ligadas ao setor teriam forjado cadastros para validar as cobranças indevidas, sem ter capacidade para prestar serviços.
No período entre a operação e a saída da pasta, Lupi sofreu fritura no governo. Um dos seus apadrinhados, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado do comando da instituição por causa da operação da PF.
Antes da revelação da fraude, a gestão de Lupi já enfrentava críticas dentro do governo Lula, em especial pelo fracasso da promessa de encerrar as filas das perícias do INSS.
A saída foi definida, no entanto, em meio à discussão — dentro e fora do governo — de que Lupi teria se omitido ao receber denúncias sobre desvios na Previdência.