Domingo, 28 de Abril de 2024

Home Colunistas O PISA e o ensino da matemática

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O resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos-PISA de 2022 mostra mais uma vez o Brasil nas posições inferiores: está entre os 20 piores do mundo (no universo dos pesquisados) em matemática e ciências, e entre os 30 piores em leitura.

O PISA é um mecanismo conceituadíssimo de avaliação do ensino, reconhecido e adotado pela União Econômica Europeia (OCDE) e por todos os países relevantes nos cinco continentes. Na série histórica do estudo, o Brasil sempre permaneceu no mesmo lugar, na parte de baixo da tabela, com mudanças pontuais e pouco representativas. Através dos seus dados, pode-se constatar sem erro que, apesar de todas as promessas de prioridade dos políticos de todas as extrações, e do volume crescente de recursos que se investem no setor, continuamos na rabeira.

Na matemática, sete em cada 10 alunos no Brasil estão em estágio deplorável : não sabem fazer contas simples, como calcular a menor distância entre dois trajetos ou fazer a conversão de moedas – regra de três das mais fáceis nem pensar.

Nos países ricos da OCDE somente 31% dos alunos têm desempenho baixo. No Brasil esse percentual mais do que duplica, chegando a alarmantes 75%. No PISA anterior ( ele se realiza de três em três anos), esse percentual era de 68%.

Só 1% dos alunos brasileiros alcançou as melhores notas em matemática. Em Singapura, o país campeão do programa, 41% atingem notas do patamar mais alto. Os países asiáticos têm obtido os resultados mais elevados, além da Singapura – China, Japão, Coreia do Sul.

Como era de se esperar, os alunos mais ricos obtêm notas significativamente maiores – 77 pontos a mais do que os mais pobres – a desigualdade social se revela desde cedo, denunciando a capacidade de aprendizado e o nível de ensino. Tudo é parecido quando se trata de Ciências e de Leitura – onde a posição do Brasil não é tão vexatória.

A pandemia impactou negativamente o avanço dos indicativos do PISA no mundo. E para certa surpresa, o estrago que o Covid fez no ensino do Brasil foi menor do que no resto do mundo.

Os especialistas são unânimes em afirmar que, em nosso país, a falta de professores qualificados é a principal razão do atraso nas matérias do Programa. É imperativo inarredável dar conta dessa carência histórica, se quisermos aparecer melhor da foto.

Um plano de incentivos para a docência de matemática poderia produzir uma mudança no paradigma. Outros países viveram a mesma dificuldade e através de um programa de longo prazo e de estímulos salariais e previdenciários conseguiram reverter a situação em 10/15 anos.

A solução óbvia, entretanto, não vinga entre nós, porque prevalece na rede pública (que é a maior) o conceito de que os professores devem ter os mesmos salários e vantagens. Nenhum governante tem coragem de tomar a iniciativa, propor a discussão, apresentar um plano de mudança.

E os brasileiros o que pensam disso tudo? Não entram no mérito, não sabem, não se interessam. Preferem ficar na briga de foice da polarização em curso. Assim, por esse caminho insensato, vamos ficando cada vez mais burros, mais estúpidos, e ainda nos achando os maiorais do pedaço.

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