Quarta-feira, 02 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 1 de julho de 2025
Um homem de 40 anos morreu após sofrer uma crise convulsiva durante uma trilha realizada pelo grupo cristão Legendários, em Rondonópolis, no Mato Grosso. Ele chegou a ser levado intubado ao hospital regional do município, mas não resistiu.
A convulsão é caracterizada por uma alteração súbita da atividade elétrica do cérebro, o que provoca contrações musculares involuntárias, geralmente acompanhadas de perda de consciência e movimentos desordenados. Segundo o Ministério da Saúde, o quadro decorre de uma falha elétrica temporária no sistema nervoso e pode ser causado por diversos fatores, como traumas, infecções, tumores, hipoglicemia, ou estar associado a doenças como a epilepsia.
De acordo com a neurologista Taíssa Ferrari Marinho, especialista em epilepsia e neurofisiologia clínica, a crise convulsiva é uma manifestação visível de uma disfunção cerebral e costuma durar entre um e dois minutos. Nesse período, o paciente pode cair ao chão, apresentar rigidez nos membros e realizar movimentos rítmicos sem controle, ficando vulnerável a ferimentos — como possivelmente ocorreu com o homem durante a trilha.
A neurologista Camila Hobi, do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), explica que o tipo mais comum de crise convulsiva, a chamada tônico-clônica generalizada, leva à perda de consciência, abalos nos braços e pernas, além de possível liberação involuntária de esfíncteres. Após a crise, o paciente geralmente apresenta confusão mental ou sonolência, o que pode durar horas.
As causas das convulsões são variadas e nem sempre estão ligadas à epilepsia. Algumas ocorrem de forma isolada, desencadeadas por fatores agudos como pancadas na cabeça, quedas, infecções cerebrais ou variações metabólicas. A epilepsia, por sua vez, é uma condição crônica caracterizada por crises recorrentes. “É como um curto-circuito cerebral, uma descarga elétrica desorganizada que foge ao controle natural do sistema nervoso”, define Taíssa.
Em casos de crise, a orientação é manter a calma, deitar a pessoa de lado para evitar sufocamento, afastar objetos que possam causar ferimentos e acionar imediatamente o Samu (192). Não se deve tentar conter os movimentos da vítima nem colocar objetos ou as mãos em sua boca, pois há risco de lesões involuntárias causadas pela contração da mandíbula.
Crises com duração superior a dois minutos ou que não cessam espontaneamente exigem atendimento médico imediato, pois indicam que o cérebro não conseguiu reverter o quadro sozinho. Mesmo após o fim da convulsão, o paciente pode apresentar sinais de esgotamento físico e mental, o que reforça a necessidade de acompanhamento hospitalar, especialmente se for a primeira ocorrência.
Segundo especialistas, pessoas diagnosticadas com epilepsia geralmente conhecem os próprios gatilhos e conseguem manejar a situação com mais segurança, quando não há complicações. No entanto, qualquer primeira crise exige avaliação médica detalhada, com exames para identificar a causa e prevenir novos episódios.
Embora a epilepsia, na maioria dos casos, não tenha cura definitiva, existem tratamentos eficazes. Medicamentos específicos ajudam a controlar as descargas elétricas cerebrais e, em alguns casos, como epilepsias infantis ou aquelas associadas a lesões cerebrais localizadas, há possibilidade de remissão ou até mesmo cura por meio de cirurgia.
Diante da possibilidade de qualquer pessoa presenciar uma crise convulsiva em público, especialistas reforçam a importância de conhecer as medidas corretas de primeiros socorros. A rápida e adequada resposta pode ser decisiva para preservar a vida e evitar agravamentos – como no caso trágico registrado em Rondonópolis.
No Ar: Pampa Na Tarde