Segunda-feira, 20 de Maio de 2024

Home Variedades O tempo está passando rápido demais? Estudo revela que a sensação é ditada pelo coração, não pelo cérebro

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É um truísmo dizer que o tempo parece se expandir ou contrair dependendo de nossas circunstâncias: quando temos medo, segundos podem se estender. Se passarmos um dia sozinhos, o tempo pode passar devagar. Já quando tentamos entregar algo dentro do prazo, as horas passam com rapidez.

Um estudo publicado este mês na revista Psychophysiology por psicólogos da Universidade Cornell descobriu que, quando observadas a nível de microssegundos, algumas dessas distorções do tempo podem ser geradas pelos batimentos cardíacos, cuja duração varia de momento para momento.

Psicólogos deram a estudantes universitários eletrocardiogramas para medir com precisão a duração de cada batida e, em seguida, pediram que eles estimassem a duração de tons de áudio curtos. Os psicólogos descobriram que, após um intervalo de batida mais longo, os estudantes tendiam a perceber o tom como mais longo; intervalos mais curtos levaram os participantes a avaliar o tom como mais curto. Depois de cada tom, os intervalos de batimentos cardíacos dos sujeitos aumentavam.

Saeedeh Sadeghi, candidato a doutorado na Universidade de Cornell e principal autor do estudo, disse que uma frequência cardíaca mais baixa parecia ajudar na percepção.

“Quando precisamos perceber as coisas do mundo exterior, o batimento cardíaco é um ruído para o córtex cerebral (conhecido como “massa cinzenta”, responsável pelo pensamento, julgamento, percepção, movimento voluntário e linguagem)”, explica. “Você pode assimilar mais o mundo – é mais fácil processar as coisas – quando o seu coração está em silêncio.”

Sadeghi diz que, após uma era de pesquisa focada no cérebro, o estudo fornece mais evidências de que “não é apenas uma parte do cérebro ou do corpo que controla o tempo, mas toda uma rede”. “O cérebro controla o coração e o coração, por sua vez, afeta o cérebro”, acrescenta.

O interesse na percepção do tempo aumentou desde o início da pandemia da Covid-19, quando as atividades presenciais foram interrompidas para muitos e as pessoas em todo o mundo enfrentaram períodos de tempo que não conseguiam diferenciar.

Um estudo de percepção do tempo realizado durante o primeiro ano de lock down no Reino Unido descobriu que 80% dos participantes relataram distorções no tempo, em diferentes direções. Em média, as pessoas mais velhas e mais isoladas do convívio social relataram que o tempo desacelerou; enquanto pessoas mais jovens e ativas relataram uma aceleração.

“Nossa experiência do tempo é afetada de maneiras que se assemelham, em geral, ao nosso bem-estar”, explica a professora de psicologia na Liverpool John Moores University e autora do estudo durante o confinamento, Ruth S. Ogden. “As pessoas com depressão experimentam uma desaceleração do tempo e essa desaceleração é percebida como um fator que piora a depressão.”

O novo estudo da Cornell aborda algo diferente: como percebemos a passagem dos microssegundos. Odgen aponta que entender esses mecanismos pode nos ajudar a lidar com o trauma, cujas experiências instantâneas são lembradas como prolongadas.

Ela disse que ao tentar avaliar a importância de uma experiência, “nossos cérebros apenas olham para trás e dizem: ‘Bem, quantas lembranças nós criamos?’”

“Quando você tem uma memória muito vívida, mais vívida do que normalmente teria de um período de 15 minutos de sua vida, sua mente pode fazer você acreditar que foi muito longo.”

Hugo Critchley, professor de psiquiatria na Brighton and Sussex Medical School, que estudou como os batimentos cardíacos afetam a maneira como lembramos as palavras e reagimos ao medo, disse que, até recentemente, a pesquisa sobre a percepção do tempo se concentrava em diferentes áreas do cérebro.

“Acho que agora há uma apreciação muito maior de que as funções cognitivas estão intimamente ligadas, talvez até fundamentadas, no controle do corpo, enquanto a maioria dos estudos de psicologia até a década de 1990 ignoravam o corpo como sendo algo controlado a nível do tronco cerebral (situado entre a medula espinhal e o cérebro)”, reconhece Critchley, que não esteve envolvido no estudo do batimento cardíaco de Cornell.

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