Sábado, 20 de Abril de 2024

Home Saúde Overdose: Cresce morte de jovens por uso de remédios com fentanil comprados em redes sociais

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Pouco tempo após Kade Webb, de 20 anos, desmaiar e morrer em um banheiro no Safeway Market em Roseville, Califórnia, a polícia abriu o telefone dele e foi direto para os aplicativos de redes sociais. Lá, encontraram exatamente o que temiam.

Webb, que era um snowboarder e skatista descontraído, esperava o nascimento do seu primeiro filho e, desanimado com os problemas financeiros que surgiram em decorrência da pandemia, comprou o opioide de uso controlado Percocet de um traficantes pelas redes sociais. Os comprimidos possuíam uma quantidade letal de outro opioide, o fentanil, que é 100 vezes mais forte que a morfina e vem sendo usado como droga.

A morte de Webb foi uma das quase 108 mil ocorrências por uso de drogas nos Estados Unidos em 2021, o que, segundo dados divulgados este mês pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, foi considerado um recorde. As autoridades policiais dizem que uma parte alarmante dos casos fatais ocorreu da mesma maneira: pílulas falsificadas e contaminadas com fentanil que adolescentes e jovens adultos compraram nas redes sociais.

“As redes são quase que exclusivamente a maneira como eles obtêm os comprimidos”, disse Morgan Gire, promotor público do condado de Placer, na Califórnia, onde 40 pessoas morreram envenenadas por fentanil no último ano. Ele apresentou acusações de assassinato contra um homem de 20 anos indicado como o traficante contatado por Webb, mas que se declarou inocente. “Cerca de 90% das pílulas que compram de traficantes nas redes sociais agora são fentanil”, afirmou.

Este fenômeno levou a novas estatísticas perturbadoras. Agora, as overdoses são a principal causa de morte evitável entre pessoas de 18 a 45 anos, superando o suicídio, acidentes de trânsito e violência armada, segundo dados federais dos Estados Unidos. Embora o uso experimental de drogas por adolescentes esteja caindo no país desde 2010, as mortes por fentanil dispararam, saindo de 253 em 2019 para 884 em 2021, de acordo com um estudo recente publicado pela revista acadêmica JAMA.

As taxas de uso ilícito das pílulas prescritas agora são mais altas entre pessoas de 18 a 25 anos. E, assim como os traficantes de drogas nas décadas de 1980 e 1990 apreenderam pagers e telefones descartáveis para a realizar os negócios de maneira secreta, os fornecedores de hoje adotaram interações modernas, com as mídias sociais e aplicativos de mensagem com recursos de privacidade como mensagens criptografadas, por exemplo.

Agora, os revendedores e os jovens compradores geralmente se identificam nas mídias sociais e, em seguida, costumam enviar mensagens diretamente um para o outro. As plataformas tornaram-se um canal rápido e fácil durante a pandemia, quando a demanda por medicamentos prescritos ilícitos aumentou, tanto por clientes ansiosos e entediados quanto por aqueles que já lutavam contra o vício e tiveram seus grupos de suporte social afastados.

Pressionados pelos cartéis mexicanos e com produtos químicos da China e da Índia, os suprimentos de comprimidos contaminados aumentaram significativamente. Fentanil, que é mais rápido e barato de produzir do que a heroína e é 50 vezes mais potente, foi feito para ser extremamente viciante. No ano passado, uma instituição antidrogas apreendeu 20,4 milhões de pílulas falsificadas, o que os especialistas estimam representar apenas uma pequena fração do que é produzido.

Segundo os cientistas, cerca de quatro em cada 10 comprimidos contêm doses letais de fentanil. O resultado é que uma grande quantidade de clientes estão rapidamente se tornando viciados, afirmou Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas.

“Quando você coloca fentanil em comprimidos que são vendidos como remédios para dor, você está alcançando um novo grupo de clientes que não teria se estivesse apenas vendendo fentanil em pó.”

Em dois meses, a Administração de Fiscalização de Drogas identificou 76 casos que envolveram traficantes de drogas que usavam emojis e códigos em plataformas de comércio eletrônico e redes sociais. A agência incluiu um recurso em sua campanha de conscientização pública chamada One Pill Can Kill (Uma Pílula Pode Matar): imagens de símbolos de drogas que são usados pelos vendedores.

“Existem traficantes em todas as principais plataformas de mídia social, o que inclui Instagram, Facebook, Twitter, Snapchat, Pinterest, Tiktok e outras emergentes, como o Discord e o Telegram” – disse Tim Mackey, professor da Universidade da Califórnia em San Diego que administra uma startup financiada pelo governo federal. A empresa desenvolveu um software de inteligência artificial para detectar vendas ilícitas de drogas online. “É um problema de ecossistema inteiro. Enquanto seu filho estiver em uma dessas plataformas, ele terá o potencial de ser exposto a isso.”

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